sexta-feira, 29 de junho de 2012

BAIRROS DA CIDADE - III

 2.3.1 - Bairro da Sé - III


Arco - Porta de Vandoma - desenho de Jorge Gonçalves Coelho


No nicho estava a imagem de Nª. Senhora de Vandoma, que agora se encontra em altar próprio na Sé.

“Segundo Bernardo Xavier Coutinho, esta foi a imagem de Nossa Senhora mais venerada entre todas as mais tradicionais da cidade. Nas comemorações do Ano Jubilar de Nossa Senhora da Conceição, em 1954, Nossa Senhora de Vandoma foi instituída por D. António Ferreira Gomes como padroeira da cidade.” Germano Silva, JN de 17 de Janeiro de 2012


Arco de Vandoma - Desenho de Joaquim Villanova – 1833 -vista interior
Esta porta-arco foi demolida em 16/8/1855 por ordem da C.M.P.


Brasão do Porto com Nossa Senhora de Vandoma


Calçada de Vandoma - antes das obras de 1936/1940 – as casas da direita e a da esquerda foram demolidas


Obras no local em que esteve a Porta de Vandoma – ainda se vêem, à direita, casas do interior da porta. Serão obras de 1936/40?



Restos da muralha românica próximo do local onde esteve a Porta-Arco de Vandoma.
Na casa da Rua de D. Hugo, 5 “conserva-se a mais longa sequência de ocupação humana que até ao presente foi documentada na cidade do Porto. Em apenas três metros de profundidade destacam-se 20 camadas arqueológicas, integrando ruínas arquitectónicas e espólio dos sécs. IV e III a. c. até à actualidade. Aqui foram pela primeira vez identificados com segurança vestígios do castro proto-histórico que esteve na origem do centro urbano, bem como das ocupações romana-alti-medieval que lhe sucederam. Os restos de habitações e arruamentos da baixa idade média permitem reconstituir alguns traços do urbanismo antigo desta área, interessante pela proximidade da cerca muralhada, registando-se ainda interessantes vestígios das épocas moderna e contemporânea.”  Texto da C.M.P. 







Rua dos Mercadores - Photo Guedes - 1900



Esta casa pertenceu à família dos Condes de Miranda, Marqueses de Arronches e Duques da Lafões. “Pertenceu ao 1º. Duque de Lafões D. Pedro, filho de um filho ilegítimo de D. Pedro II, que este perfilhou, nascido em 10/1/1718 e falecido em 1761” - Horácio Marçal em O Tripeiro, Série VI, Ano IX.



O primeiro teatro do Porto foi construído nas cavalariças do solar dos Duques de Lafões, perto da Sé,  e inaugurado em 15 Agosto de 1760, data esta que é controversa (Horácio Marçal aponta para e data de 15 de Maio de 1762). Na sua inauguração foi levada à cena uma ópera lírica para homenagear o casamento de D. Maria I com D. Pedro. Este teatro foi desenhado por João Glama Stroeberle. Embora haja grandes divergências a verdade é que existiu um teatro no Largo do Corpo da Guarda. Rebelo Bonito em O Tripeiro Série VI, Ano III afirma que: “ Em 28 de Fevereiro de 1797 realizou-se o último espectáculo neste teatro. A sala teve depois destino pouco nobre: foi sucessivamente quartel de guardas de segurança pública, quartel de guarda barreiras e depósito de “calcetas” ou vadios coagidos pelas autoridades a trabalhos de pavimentação de ruas e caminhos, levando corrente amarrada à cinta e artelho do pé direito para não fugirem.”


Desenho retirado do site do ESAP

A Avenida da Ponte já estava prevista desde que a Ponte Luis I se construiu em 1886. Muitos projectos foram feitos a partir dos anos 10 do séc. passado. Gaudêncio Pacheco apresentou, em 1913, um extraordinário estudo para a zona central que previa aberturas de avenidas desde a ponte à Batalha, Praça Almeida Garrett e Rua Mouzinho da Silveira, que teria sequencia até à Igreja dos Clérigos. Posteriormente muitos outros estudos e projectos não tiveram concretização. Quantas mais gerações passarão sem o Porto sarar esta chaga?


Rua do Corpo da Guarda - antes do começo das obras de destruição 


Largo do Corpo da Guarda – início da demolição para a construção da Avenida da Ponte


Obras de abertura da Avenida da ponte – anos 40 séc. XX


Eis a chaga!

sábado, 23 de junho de 2012

BAIRROS DA CIDADE - II

2.3.1 - Bairro da Sé - II


Demolições no Largo do Açougue - Estas demolições, em frente à Sé, foram executadas entre 1936 e 1940 para abertura do actual Terreiro de D. Afonso Henriques. À esquerda vê-se a casa-torre dos Alões.


                           Torre da Capela dos Alões, antes de restaurada em 1940
Não encontrámos alusões directas a esta capela, pelo que nos limitamos a transcrever um pequeno texto sobre o seu instituidor - “Alão de Morais é um dos ramos da família Alão, a qual, segundo o Anuário da Nobreza Portuguesa, descende de Afonso Fernandes Alão (3° neto de D. Mendo Alão, senhor e conquistador de Bragança, segundo os nobiliários), que viveu no reinado de D. Sancho II e, em 1275, instituiu um vínculo na sua quinta de S. Vicente de Pereira. Domingos Geraldes Alão, neto de Afonso Fernandes Alão, cónego da Sé do Porto e prior na igreja de Fermelã, instituiu um vínculo na sua quinta de Sá, perto do reguengo de Quebrantões, na cidade do Porto. Seu irmão Gonçalo Geraldes, abade de São Cristóvão de Mafamonde, no julgado de Gaia, foi o instituidor da capela dos Alões, a favor de Afonso Martins, seu sobrinho, prior do Souto.” Site da Direcção Geral dos Arquivos.



A Torre da Rua de D. Pedro Pitões ou Torre da Cidade é uma casa-torre medieval reconstruída, localizada na zona histórica do porto, em Portugal. A casa-torre, actualmente localizada na Rua de Dom Pedro Pitões, permaneceu durante largos séculos oculta entre o casario então existente no local onde actualmente se abre o Terreiro da Sé. Encontrava-se ao lado dos antigos açougues, em frente à fachada principal da Sé do Porto. Esta torre deverá ser a dos Alões, reconstruída 15 metros acima.


Casa da Câmara medieval – fachada posterior antes de 1934


Fachada lateral depois de 1940


Reconstituição pelo Arq. Fernando Távota em 1995
  

O “TRISTE” Porto virado de costas para a sua cidade!!! Aliás ele já deve estar habituado s situações insólitas; já o puseram no "poleiro" da Câmara na Praça de D. Pedro, onde esteve feliz a ver e ser visto pelos seus, mas depois foi "porteiro" da CMP, perto da Sé, "escondido" na Avenida das Tílias, no lado contrário ao movimento dos seus súbditos, espectador do Rio Douro e agora virado para a perede! Coitado! 
A construção da Casa da Câmara ou da Torre da Rolaçom tem origem no séc. XV, onde foi instalado o senado ou Assembleia, primeira sede do poder autárquico. Situada junto da Sé do Porto , tinha 100 palmos de altura (cerca de 22 metros) e era guarnecida de ameias. Possuía vários sobrados contendo no seu interior elementos artísticos de grande qualidade. Evidenciava entre outros, um exemplar tecto dourado no salão nobre superior. Em meados do Séc. XVI a Câmara muda-se para o claustro do Convento de S. Domingos, pois o edifício ameaçava ruína.
Em 1518 D. Manuel instituiu a Casa dos 24 do Porto que era constituída por 24 representantes dos 12 principais ofícios. Reunia na Casa da Câmara. Tinha por missão defender os interesses do povo. As relações entre estes dois organismos foram, logicamente, quase sempre muito más. Teve influência na Revolta do Papel Selado o que levou à sua extinção em 1661. Alguns meses depois foi restabelecida, mas voltou a influenciar a Revolta da Companhia em 1757. Encerrada e novamente restabelecida foi definitivamente extinta em 7 de Maio de 1834. Em 1995 o Arquitecto Fernando Távora desenhou a torre que agora ali “apreciamos”.


Muralha Românica com as quatro portas


Rua do Aljube antes de 1936 - ficava perto da Porta de S. Sebastião
  

Capela-Oratório da Porta de S. Sebastião


S. Sebastião (256-286) foi um soldado romano, capitão da guarda pessoal do Imperador Diocleciano, que desconhecia a sua condição de cristão. Tratava os prisioneiros com muita brandura. Assim que descoberta a sua religião, foi condenado à morte por flechas. Supostamente morto, os seus amigos entregaram-no a uma nobre e rica cristã, Santa Irene, que o tratou e recuperou dos ferimentos. Tendo-se apresentado de novo ao imperador, repreendeu-o por perseguir os cristãos. Foi de novo condenado à morte por espancamento.



Casa do Bêco dos Redemoínhos – estilo gótico-flamengo – Sec. XIV – Inicialmente tinha 2 portas e 4 janelas góticas


O facto de se chamar Arco das Verdades há quem o julgue ligado à Porta das Verdades. Na realidade este arco fazia parte do aqueduto que levava água para o Mosteiro de S. Lourenço, hoje Seminário Maior do Porto. Esta água provinha da grande nascente de Mija-Velhas, no actual Campo 24 de Agosto, e no seu caminho ia alimentando outras fontes.

 

Casa Museu Guerra Junqueiro – Rua D. Hugo, 32
  

Estátua de Guerra junqueiro na Casa-Museu – Leopoldo d’Almeida – 1970

A casa-museu Guerra Junqueiro (1850-1923) foi construída em 1730 pelo cónego Dr. Domingos Barbosa. Em 1934 foi comprada pela filha de Guerra Junqueiro, Maria Isabel, aos herdeiros de Francisco Sales Pinto de Mesquita, para aí instalar um museu com as muitas peças adquiridas pelo grande poeta. Trata-se de peças de mobiliário, torêutica, cerâmica, têxteis e vidros e um depósito suplementar de escultura nacional e estrangeira. A colecção foi doada à C.M.P. em 1940.




sexta-feira, 15 de junho de 2012

BAIRROS DA CIDADE - I

2.3 Bairros da Cidade



Eugénio Andreia da Cunha e Freitas, em Toponímia Portuense, escreve: “O audacioso plano urbanístico da cidade concebido por João de Almada e Melo – o primeiro ou um dos primeiros projectos de conjunto realizados na Europa, segundo nos dizem -, abrangia uma série de ruas e praças ligando-se entre si, linha axial de um extremo ao outro da urbe: Praça da Ribeira, Rua de S. João, Largo de S. Roque, Praça Nova, Rua do Almada, Campo de Santo Ovídio.” Era, na verdade, um plano estruturante relativo ao futuro desenvolvimento da cidade.


  
2.3.1 - Bairro da Sé - I


Sé, casa do Cabido, Paço Episcopal e Pelourinho de 1940 – foto Beleza

A primitiva Sé do Porto data do séc. VI, mas dela nada resta. A actual foi construída no séc. XII, no tempo do Bispo D. Hugo. Foi, através dos tempos, muito alterada, interior e exteriormente, em especial nos séc. XVII e XVIII. Daremos mais pormenores da Sé e do Paço Episcopal nos capítulos que lhes dedicaremos.



Vê-se ainda um dos vários altares laterais barrocos – foto Alvão


Sé – Galilé de Nicolau Nazoni – século XVIII


Ao fundo vê-se o Mosteiro da Serra do Pilar – Em 1940 todo este casario em frente à Sé foi demolido para dar lugar ao actual Terreiro D. Afonso Henriques




Largo da Sé – Vê-se a entrada da Sé, Casa do Cabido, portão e Paço Episcopal e a Capela dos Alfaiates ou Nossa Senhora de Agosto.


Funeral do Cardeal D. Américo em 24/1/1899 - Jaz na cripta da Capela Mor da Sé - foto gentilmente cedida por um familiar



A Capela da Confraria de Nossa Senhora de Agosto ou dos Alfaiates ainda em frente da Sé, antes da demolição de 1936 e reconstrução no largo Actor Dias. Começou a ser construída em 1554, mas só onze anos depois se concluiu. Os padroeiros dos alfaiates são Nª. Sª. de Agosto e São Bom Homem.




Capela dos Alfaiates ou de Nossa Senhora de Agosto foi apeada de fronte da Sé em 1936, mas só em 1953 foi reconstruída no Largo actor Dias



Imagem de Nossa Senhora de Agosto, em barro - foto Portojo


Imagem de S. Bom Homem  - foto Portojo

(continua)