sábado, 15 de setembro de 2012

BAIRROS DA CIDADE - X

 
2.3.2 - Bairro da Victória - IV


Embora a Praça da República não pertença ao Bairro da Victória, pareceu-nos natural incluí-la neste bairro, por nela terminar a Rua do Almada, sendo a sua natutal sequencia.

Em 1790 Francisco de Almada e Mendonça mandou abrir, por ordem da rainha D. Maria I, uma praça no antigo campo de Santo Ovídio. Começou por chamar-se Praça ou Campo de Santo Ovídio dada a existência de uma capela, a Capela de S. Bento e Santo Ovídio, que foi construída pelo Dr. João Carneiro de Morais e sua esposa no ano de 1665, em terreno da sua Quinta da Boavista, que mais tarde, se chamou de Santo Ovídio. A capela foi destruída nos anos 90 do século XVIII.


Santo Ovídio – de origem siciliana, foi enviado para Braga no ano de 95 pelo papa Clemente I, e martir em 135 - patrono das dores de ouvidos e dos maridos infieis.

 

Esteve prevista a abertura de uma rua, em frente à Rua de Gonçalo Cristovão, mas que, por motivos de não acordo entre proprietários de casas a destruir e a câmara, nunca foi aberta. Alguns anos depois foi aberta a Rua de Álvares Cabral, como trataremos aquando da Quinta de Santo Ovídio.

Nesta praça verificaram-se vários acontecimentos importantes da nossa História, que deram origem a outras designações.


António Bernardo de Costa Cabral
Em consequência da insurreição militar de 1 de Maio de 1851, que provocou a queda de Costa Cabral, passou a chamar-se Campo da Regeneração.
 
 
Em 24 de Agosto de 1820, foi desta praça de saíram os revoltosos liberais. Fernandes Tomaz foi o criador do Sinédrio, deputado e presidente da Assembleia constituinte em 1820. Pormenor do quadro na Assembleia da Républica, em que se vê F.T. a discursar na Assembleia Constituinte de 1821.

Proclamação da República em 31 de Janeiro de 1891 por Alves da Veiga.
 
“No dia 31 de Janeiro de 1891, eclodiu no Porto um levantamento militar que, motivado e contrário à cedência do Governo e da Coroa ao Ultimatum de 1890 imposto pela Inglaterra, pretendeu instalar um governo provisório e chegou mesmo a proclamar a República na Praça da Liberdade.
A liderar e a impulsionar a então designada «Revolta do Porto», apoiando as forças reunidas e comandadas por capitão Amaral Leitão, alferes Rodolfo Malheiro e tenente Coelho, destacaram-se, entre outras consideradas figuras intelectuais da época, Alves da Veiga, Basílio Teles, João Chagas, Paz dos Reis, Sampaio Bruno e Verdial Cardoso.
Após empolgante percurso desde a actual Praça da República até à entrada na Praça da Batalha, os revoltosos foram inopidamente parados por um poderoso ataque da Guarda Municipal que, posicionada na escadaria da Igreja de Santo Ildefonso, abriu violenta descarga fuzilante sobre a multidão em marcha, tendo-se aí registado, entre mortos e feridos, à volta de meia-centena de vítimas, o que desde logo intimidou e obrigou à dispersão das hostes revolucionárias.
 Em severo rigor repressivo, os implicados na gorada intentona, cerca de 700 revoltosos civis e militares, foram sumariamente julgados por Conselhos de Guerra instalados a bordo de navios estacionados ao largo de Leixões e sentenciados a penas que oscilaram entre 18 meses e 15 anos de reclusão.
 Daqui e em memórica honra do ocorrido, logo que a República foi enfim decisivamente proclamada em 1910, entre as diversas ruas da cidade que tomaram o nome das mais importantes figuras revolucionárias, a rua de Santo António, que ascende da Estação de São Bento à Batalha, passou a chamar-se 31 de Janeiro.” Do J.N.
 
 
 
Principais revoltosos do 31 de Janeiro
 
 
 
Já lá vão mais de 200 anos de mudanças de nomes, mas os portuenses ainda a designam somente por CAMPO!

 
Cerca de 1900
 
 
Missa Campal em 1908, em frente ao quartel de Santo Ovídio
 
 
 
 

Teófilo Braga - Pintura de Martinho da Fonseca
Na Praça da República, depois de ter servido de parada e local de treino militar, foi implantado, em 1915/16, o Jardim de Teófilo Braga(1843/1924), que foi escritor, poeta e político. Foi Presidente da República de 29 de Maio a 4 da Agosto de 1915.
Há jardins do Porto aos quais foram dados nomes de personalidades a quem se pretendia homenagear. Mas a verdade é que acabaram por “matar” a sua memória. Este é um exemplo disso. Quem se lembra ou diz que vai ao Jardim de Teófilo Braga? Melhor seria que tivessem dado o nome deste escritor e político a uma rua, mesmo de menor importância. Também podemos referir o Jardim de João Chagas, no Largo da Cordoaria ou ao Jardim Carrilho Videira, o popular Jardim do Carregal!

Nele foram plantadas árvores e canteiros, bem como várias esculturas decorativas e evocatívas.



Baco – de António Teixeira Lopes – 1916
 
 
Rapto de Ganimedes – Fernandes Sá . Lamentavelmente esta escultura foi retirada do jardim para, no seu local, ser colocada a estátua comemorativa do centenário da república. Perguntamo-nos porque a não passaram para outro local do jardim! Onde pára? Onde pensam coloca-la, se pensam isso?
 

Memória ao Padre Américo (23 de Outubro de 1887/ 16 de Julho de 1956), importante figura da Igreja e de Portugal pela sua Obra da Rua, dedicada aos rapazes abandonados, Casa do Gaiato, aos desalojados, Património dos Pobres e aos doentes terminais e abandonados, O Calvário. O escultor foi Henrique Moreira, 1959.
No Porto houve outra figura importante neste campo, foi o Padre Baltazar Guedes, no séc. XVII, de que trataremos aquando do Colégio dos Orfãos.
 

Centenário da implantação da República, de Nuno Marques

 
Principais saídas da cidade em 1848. João e Francisco de Almada foram os criadores da expansão da cidade para Norte.

 

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