sexta-feira, 23 de novembro de 2012

BAIRROS DA CIDADE - XX

2.3.3 - Bairro de Santo Ildefonso - VII

“O lugar do Bonjardim, em Liceiras, vem mencionado no testamento do bispo D. Vicente Mendes, em 1296. Passou à posse do Cabido que em 1427 o emprazou ao arcediago do Porto, Diogo Anes… é preciso dizer que a estreita e tortuosa artéria de que nos ocupamos, era a primitiva estrada se não romana, pelo menos medieval, saindo do Porto pelo postigo, depois Porta de Carros, levava, pela Aguardente ( Praça Marquês de Pombal) e Cruz das Regateiras (Hospital do Conde de Ferreira), a Guimarães e outros lugares além.” In Toponímia Portuense de Eugénio Andreia da Cunha Freitas.

Em O Tripeiro Série VI, Ano VI, Horácio Marçal escreve, “a Rua do Bonjardim, que hoje se estende da Rua de Sá da Bandeira até à praça do Marquês de Pombal, em meados do séc. XIX, terminava um pouco adiante do Largo do Bonjardim, actual Largo do Dr. Tito Fontes. Deste ponto para cima, até à embocadura da Rua do Paraíso, chamava-se Rua do Bairro Alto e, daqui, até ao Marquês, tinha o nome de Rua da Aguardente. Da Rua do Bonjardim, também chegou a fazer parte o troço compreendido entre os cunhais das Ruas de Sampaio Bruno e de Santo António, agora integrado na Rua de Sá da Bandeira. Antes de ser Bonjardim foi Rua da Porta de Carros… O sítio do Bonjardim é antiquíssimo. Há notícia dele no fim do séc. XIII.”
 Nesta rua existiu uma Via Sacra que Horácio Marçal descreve assim: “Queremos deixar aqui registado o facto de ter havido nela, dum e doutro lado da rua uma série de cruzes de pedra com imagens, pintadas, de Cristo Crucificado, que faziam parte de uma velha via sacra. Essas cruzes, em 1869, foram removidas para o cemitério da Igreja de Santo Ildefonso, não sem alguns reparos por parte das pessoas devotas.” Estas cruzes estavam envolvidas por um armário envidraçado que preservava as pinturas. Estas cruzes estão actualmente nas trazeiras da Igreja de Santo Ildefonso


Início da Rua do Bonjardim até 1916
Em 1916 foi demolido o convento dos Congregados, sendo a rua alargada e integrada na já existente Rua de Sá da Bandeira, que até aqui começava na Praça de D. Pedro (actual Rua de Sampaio Bruno). Referindo-nos a esta parte inicial da antiga Rua do Bonjardim existiram vários cafés como O Lisbonense, o Madrid e o Moreira, bem como a Farmácia Ferreira de Carvalho inaugurada 100 anos antes e o antigo Hotel Real, onde tantas vezes se hospedaram Camilo e Ana Plácido. Era uma zona de turismo e diversão. Havia ainda os artesãos de açafates e cestas, que eram feitas em vime de várias cores, e ali mesmo vendidas ao público.

Fonte que ficava na esquina da Rua do Bonjardim com a actual Sampaio Bruno e que na altura ainda era Rua de Sá da Bandeira


Nesta planta a Rua de Sá da Bandeira ainda começa na Praça D. Pedro (sector a-b). Era na base do b que se encontrava a fonte acima.



Em 1884 iniciou-se a Casa Bancária António Nunes Borges & Irmão na esquina da Rua de Sampaio Bruno (então Rua de Sá da Bandeira) e Bonjardim. Nos pisos superiores estava instalado o Hotel Aliança. Anteriormente, tinha estado no rés do chão um luveiro e nos andares superiores o Hotel Mary Castro, que se havia mudado para a Rua das Motas, no Passeio Alegre. Foi muito conhecido pelo seu esmerado serviço e por lá terem estado hospedadas diversas personalidades tais como Ramalho Ortigão, que sobre ele escreveu. Neste edifício esteve, já em meados do séc. XX, a secção de câmbios e de lotaria do banco.

Em 1937 veio a dar o Banco Borges & Irmão, que se instalou na entrada da Rua de Sá da Bandeira Nos anos 90 foi absorvido pelo Banco do Fomento e Exterior.


A Regaleira é um restaurante na Rua do Bonjardim conhecido por ter sido o local onde foi criada a francesinha. Fundada em 1933, foi na Regaleira, na década de 1950.  que Daniel David Silva, emigrante regressado da França e da Bélgica, criou a francesinha com base na tosta francesa, ou croque-monsieur, acrescentando-lhe um molho de cobertura, o "segredo" do petisco. É constituída por linguiça, salsicha fresca, fiambre, carnes frias e bife de carne de vaca ou, em alternativa, lombo de porco assado e fatiado, coberta com queijo (posteriormente derretido). É normalmente guarnecida com um molho à base de tomate, cerveja e piripiri. A sanduíche, criada por Daniel David Silva, foi considerada, em 2011, uma das melhores sanduíches do Mundo.



Jerónimo Cardoso Jorge, especialista no fabrico de cabeleiras de cabelos naturais, fundou, no 105 da Rua do Bonjardim, uma casa de fabrico e venda destes artigos. Era muito procurado pelos artistas do Teatro Rivoli e outros.



2 fotos de Lojas de Tradição do Porto

Editava catálogos dos penteados da moda e de outros artigos que comercializava, tais como manequins de cera, produtos para embelezamento e tratamento do cabelo, adereços de fantasia etc. Servindo-se destes catálogos para vender em todo o país e Brasil, onde se deslocava frequentemente. Ficou, depois da sua morte, para 2 sobrinhos e mais tarde, por falta de sucessão de sangue, para 2 empregados.

Em 25 de Agosto de 1875 foi criada a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Porto, no Pátio do Paraíso da Rua do Bonjardim, depois destruída aquando da abertura da Praça de D. João I. Um dos fundadores foi Guilherme Gomes Fernandes, que pela sua qualidade técnica foi nomeado, em 25/8/1875, Inspector Geral e chefe do Corpo de Salvação Pública.


“A história deste teatro começou em 1913 com a inauguração com pompa e circunstância do Teatro Nacional, da firma Roque e Santos… Mudanças profundas na baixa portuense obrigaram a repensar o edifício. O enorme edifício seria assim remodelado originando em 1932 o Cine-Teatro Rivoli, projectado pelo Arq. Júlio José de Brito… adaptado para a exibição de ópera, bailado, e concertos.” – blogue Cinemas do Paraíso. Sobre o Rivoli trataremos mais pormenorizadamente em local próprio.


Obras de abertura da Praça D. João I

Edifício Rialto – 1944 - Arq. Rogério de Azevedo - os portuenses chamavam-lhe “O Arranha-céus”, pois era o mais alto da cidade – Foto Beleza


Café Rialto – ficava no Arranha-Céus – sobre este café trataremos em local próprio.

“O percurso do Banco Português do Atlântico (BPA) foi desbravado ao longo de 58 anos com assinalável sucesso, não tivesse esta sido a primeira grande instituição financeira privada lusitana. Esse estatuto foi alcançado devido à sua particular óptica e posição inédita perante o mercado, mas sobretudo graças a uma forma muito característica de abordar os clientes (e inovadora à data), assente no respeito e proximidade. Nascido da perspicácia de uma sociedade anónima de investidores nacionais, o BPA deu-se a conhecer ao país no dia 31 de Dezembro de 1942, mas não surgido do nada. O seu antecessor, a Casa Bancária Cupertino de Miranda & Companhia (CB – CMC), fundada em 1919, foi o seu ponto de partida e da experiência adquirida por esta entidade emanou aquele novo banco, o qual veio dar continuidade à CB – CMC.” Do site do BPA. A fonte circular foi transferida para a Praça do Marquês do Pombal quando se construiu o estacionamento automóvel subterrâneo.


O Arq. Morais Soares projectou, para os pedestais existentes na Praça D. João I, as estátuas deste e de D. Filipa de Lencastre. Supõe-se que por razões políticas, em que Salazar esteve envolvido, nunca foram executadas. Anos depois puseram lá 2 cavalos!


No tecto desta passagem encontram-se seis belíssimos painéis em azulejos, de Jorge Barradas (1874/1971) executados em 1950. O tema destes painéis é uma homenagem à cidade do Porto, com no seu comércio, industria e transportes. Vemos a Navegação, o Mar, a pesca, o comércio, as descobertas e o Vinho do Porto.








Associação dos Jornalistas e Homens de Letras – esquina das Ruas do Bonjardim e de Rodrigues Sampaio – Fundada em Outubro de 1882 – este edifício foi muito recentemente recuperado.
 

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