sábado, 5 de janeiro de 2013

BAIRROS DA CIDADE - XXVI

2.3.6 - Bairro da Boavista - I

Com o Bairro de Vila Nova, ARC concluiu os 5 bairros em que dividiu a cidade do seu tempo, “para a tornar mais compreensível ao conhecimento do leitor”. Seguindo o seu critério, vamos descrever o que chamamos Bairro da Boavista, tratando as vizinhanças da Rua e Avenida com este nome.
A Rua da Boavista e a Avenida que se lhe segue, isto é, desde a Praça da República ao Castelo do Queijo, têm a extensão de 6.620 metros, divididos nos sectores seguintes: Rua da Boavista 880 m.; Avenida da Boavista até à Praça Mouzinho de Albuquerque 350 m ; Praça Mouzinho de Albuquerque 220 m. de diâmetro; Avenida da Boavista 5.000 m.; Praça Gonçalves Zarco 170 m de diâmetro. Este trajecto atravessa e confina com as freguesias de Cedofeita, Massarelos, Ramalde, Lordelo do Ouro, Aldoar e Nevogilde.


Planta de Teles Ferreira, 1892, desde a Praça da República à Praça da Boavista, actual Mouzinho de Albuquerque.


A primeira parte, a mais antiga deste percurso, é a Rua da Boavista, que começa na Praça da República e termina na esquina da Rua de Santa Isabel. O seu nome deriva do facto de ter sido aberta em terrenos da Quinta de Santo Ovídio, cujo antigo nome era de Quinta da Boa Vista, pertencente a Manuel Figueiroa Pinto. Este proprietário ofereceu parte da sua quinta para ser aberta esta rua, em 1794. Pertence à Freguesia de Cedofeita.


Junta de Freguesia de Cedofeita


Antiga Igreja da Colegiada de Cedofeita. Sobre este tema trataremos, mais pormenorizadamente, lugar próprio.


A Colegiada de Cedofeita tinha rendimentos avultados, pois o seu couto era vasto e muito fértil. A área que lhe pertencia foi integrada na cidade em 1710, juntamente com Massarelos. Porém a Colegiada manteve-se separada da diocese até 1910. Em 1907 o prior queixava-se de grandes dificuldades económicas e pelo que estava ameaçada de ruína, pois o local era pouco povoado. Alguns priores foram personalidades importante, tais como D. Gonçalo Pereira que foi deão da Sé do Porto, Arcebispo de Braga e depois de Lisboa e que era avô de S. Nuno de Santa Maria; o infante D. Henrique que foi Arcebispo de Braga, de Évora e depois Cardeal e Rei de Portugal. 


Desde 1910 existe no nº. 158 o Grande Colégio Universal. Este edifício pertenceu a uns tios de Almeida Garrett e este ia lá visitá-los de vez em quando. Tem um brasão dos Silvas, Almeidas e Leitões.


Na esquina da Rua da Boavista com a Rua das Águas Férreas esteve esta fonte que agora se encontra no Parque da Cidade. Está ligeiramente alterada da original.


Abaixo deste colégio, á direita, fica a Rua das Águas Férreas, onde existiu a grande Quinta de Santo António da Boavista, que pertenceu à família dos Sousas e Melos, desde o séc. XVIII a meados do XIX. Era uma grande e bela quinta que descia desde a Lapa até à Carvalhosa, hoje Rua de Aníbal Cunha. Tinha um mirante na parte superior donde se podia ver o mar. Ficava no alto do monte da Lapa. 


Já tivemos a oportunidade de apreciar esta vista de cima de um antigo moinho de vento, que ainda existia há poucos anos. Ainda lá se encontrava, encostada a uma parede, a mó. D. Pedro IV, durante o cerco do Porto, passava lá para ver , deste lugar privilegiado, o decorrer das operações.


Bem perto fica a Capela da Ramada Alta, construída a partir de 28/6 1737 e restaurada em 1883.


A Casa da Pedra é um singelo edifício urbano construído no século XVIII, em zona onde uma nascente de águas sulfúreas havia dado origem ao topónimo Águas Férreas. .Nesta casa viveu o escritor Oliveira Martins no último quartel do séc. XIX. A casa ficou conhecida por ser o local de encontro dos intelectuais da Geração de 70 em tertúlias dinamizadas por Antero de Quental, Eça de Queiroz, Guerra Junqueiro, e Ramalho Ortigão, os quais, com Oliveira Martins, compunham o chamado "Grupo dos Cinco".


Joaquim Pedro de Oliveira Martins (Lisboa, 30 de Abril de 1845 - Lisboa, 24 de Agosto de 1894) foi escritor e político.


O Hospital de Crianças Maria Pia, foi fundado em 1/1/1883, começou a funcionar na casa da família Chaves, à Rua da Carvalhosa, e transferido para a esquina da Rua Augusto Luso, para um edifício construído sob projecto do Eng. Estevão Torres, em terreno oferecido por D. Emília Cabral. Por falta de segurança e integração no Centro Materno Infantil do Norte os seus serviços foram provisoriamente transferidos para o Hospital de Santo António.




O Eng.  da Câmara Gustavo Adolfo Gonçalves de Sousa ( Porto 1818-1899) foi o  criador da abertura de uma avenida, larga e moderna, à imagem dos Champs Élisées de Paris. Projectou-a em meados do séc. XIX. Importante personalidade da cidade, dirigiu as obras do Palácio da Bolsa, da Academia Politécnica e do Palácio de Cristal, entre muitas outras. Foi um dos fundadores da Associação Comercial do Porto e desenhou a escadaria em pedra e o salão árabe do Palácio da Bolsa. Foi Catedrático da Academia Politécnica do Porto. 
A Avenida da Boavista começa na esquina da referida Rua de Santa Isabel e só termina na Praça Gonçalves Zarco, perto do Castelo do Queijo e do mar.



Início do século XX


Ainda antes de chegarmos à Praça da Boavista (hoje Praça Mouzinho de Albuquerque) encontramos o Hospital Militar D. Pedro V. Foi construído em terrenos do lugar de Pardelhas, entre as Ruas da Boavista e das Valas. A sua construção “foi autorizada por Carta de Lei de 18 de Abril de 1854, por D. Fernando II, Regente em nome do seu filho menor, o Rei D. Pedro V. Lançada a primeira pedra em 22 de Abril de 1862 foi baptizado em homenagem ao Rei D. Pedro V, falecido no ano anterior. Recebe os primeiros doentes em 1869, quando só 1/3 do projecto estava concluído. Na sequência do golpe militar de 1910 o hospital passa a designar-se "Hospital Militar do Porto". Quando da reorganização do Exército de 1926 o estabelecimento passou a ser o hospital da 1ª Região Militar, com a designação de "Hospital Militar Regional nº 1". Em 1990, em homenagem àquele grande rei, o hospital voltou a incluir o nome do Rei D. Pedro V na sua designação oficial que passou a ser "Hospital Militar Regional nº 1 (D. Pedro V) ”. O Tripeiro Série VI, Ano X. As obras só terminaram em 1914. 
Quando da construção da capela foi para lá deslocado um dos altares barrocos do Convento de Monchique que ardeu no grande incêndio de 27 de Julho de 1918.

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