terça-feira, 26 de novembro de 2013

DIVERTIMENTOS DOS PORTUENSES - XXV

3.5.9 - Botequins e cafés - IV


Existiu na Farmácia do Padrão, em 1899, o clube dos Bisqueiros, fundado por “ferrenhos amadores de bisca lambida ou não”. Tinha o seu regulamento, de que abaixo transcrevemos alguns artigos:

“1º. Dentro do Templo da Bisca é proibido a má língua. Só se permite falar de vidas alheias, berrar contra o governo – seja ele qual for – e descompor os parceiros que jogarem mal. 

2º. Cada sócio é obrigado a contribuir com 200rs por mês para as despesas do expediente.

3º. Os mirones são considerados sócios honorários. Como só gozam metade, a sua entrada na sala de jogo,… obriga-os ao pagamento mensal de 100rs.

8º. Nenhum sócio é obrigado a jogar além das 10 horas da noite.

10º. Não é permitido molestar o físico das cartas. Quem o fizer dobrando-as, torcendo-as ou batendo-as violentamente na mesa pagará a multa de 20rs.

11º. Os sócios a quem for dado o gozo de desflorar um baralho de cartas, esportularão em homenagem à virgindade a quantia de 10rs por caveira. 

12º. Não são permitidas as escamações. Quem perturbar a paz e a santa harmonia do Clube, zangando-se por causa de assuntos bisqueiros, terá de beneficiar a caixa social com a quantia de 100rs, como sinal de profundo arrependimento por ter tido a ousadia de levar a desordem ao Sagrado Templo da Bisca.

13º. Como o Templo da Bisca é lugar de entretimento e não de batota, os jogos são a feijões ou Padre-Nossos.” 


O chalet do Palácio de Cristal foi um botequim com esplanada, muito frequentado pelos visitantes. A partir de 1894 passou a ser a sede do Real Velo Clube do Porto que tinha o velódromo na cerca do Palácio dos Carrancas, na altura pertencente à família Real. Foi D. Carlos que autorizou o seu uso.


Cervejaria Sá Reis – cervejaria muito antiga, supomos que já de fins do séc. XIX- fica no lado poente da Praça da Liberdade - o local em que nos meados do séc. XX melhor cerveja se bebia.


Projecto original do Arq. Marques da Silva para os Armazéns Nascimento - 1914



Inaugurado em 1927 como Grandes Armazéns Nascimento. Pretendeu vender no Porto os móveis construídos na fábrica que António Nascimento possuía no Freixo. Porém, esta foi destruída por um incêndio em 1934, o que levou os herdeiros de António Nascimento a vender o prédio em 1939.


Foi adquirido em 1939 por um grupo de comerciantes e industriais do Porto que fizeram a sua adaptação para o café Palladium, cujo interior foi de autoria do Arquitecto Mário Abreu. Inaugurado em 4/11/1940, tinha café, restaurante, salas de jogo de cartas, bilhares e um cabaret no 4º. andar. Era o maior café do Porto e talvez de Portugal.



Foto de 1941 - era frequentado por comerciantes da zona e gente ligada às artes e às letras. Na foto pode ver-se, da esq. para a dir.: João Alves, Sant’Ana Dionísio, Carlos Sanches, José Régio, Jorge de Sena, Alfredo Pereira Gomes, Adolfo Casais Monteiro e Alberto Serpa.
 Encerrou em 1974.
Passou a Galerias Palladium onde se vende vestuário e artigos de som, fotografia, cinema, livros e electrónica.


Mais tarde foi instalado um interessante relógio que mostrava em certas horas as figuras de S. João, Infante D. Henrique, Almeida Garrett e Camilo Castelo Branco. 

Relógio – vídeo


Café Astória - Inaugurado em 12/3/1932 no edifício das Cardosas, esquina com a Praça de Almeida Garrett, bem próximo da Estação de S. Bento. Tinha três pisos, bar e cervejaria ao nível do r/c, café e salão de chá ao nível do primeiro piso e sala de jogos no segundo piso. Fechou em 15 de Abril de 1972.


Actualmente está integrado no Hotel Intercontinental




Café Guarani – Fundado em 1933 – tem pinturas de Graça Morais. É um local animado com música e outras distracções.



A Regaleira é um restaurante na Rua do Bonjardim conhecido por ter sido o local onde foi criada a francesinha. Foi na Regaleira, na década de 1950, que Daniel David Silva, emigrante regressado da França e da Bélgica, criou a francesinha com base na tosta francesa, ou croque-monsieur, acrescentando-lhe um molho de cobertura, o "segredo" do petisco. É constituída por linguiça, salsicha fresca, fiambre, carnes frias e bife de carne de vaca ou, em alternativa, lombo de porco assado e fatiado, coberta com queijo (posteriormente derretido). É normalmente guarnecida com um molho à base de tomate, cerveja e piripiri. A sanduíche, criada por Daniel David Silva, foi considerada, em 2011, uma das melhores sanduíches do Mundo.


Café Rialto – ficava no "Arranha-Céus" da Praça D. João I – Arquitecto Artur Andrade.


Carvão de Abel Salazar


Estudo de Guilherme Camarinha para o fresco no Rialto


O novo café representa um magnífico empreendimento, não só pelas suas amplas e modernas instalações, mas também pelas suas características artísticas. É constituído por dois pavimentos ligados por uma imponente escadaria a mármore, em que a luz natural, conjugada com a colocação de espelhos, lhe dá um ambiente alegre e acolhedor. No pavimento superior avulta um desenho-mural a carvão, da autoria do sr. dr. Abel Salazar, em que, a traço vigoroso, está simbolizado o esfôrço da Humanidade através da História. Junto á escadaria, vê-se um baixo relêvo - cerâmica policromada do escultor João Fragoso, que historia, por assim dizer, o Douro , da sua nascente à foz. Este artista assina também outro baixo-relevo, que tem por motivo o café.
No salão inferior, vêem-se três pinturas murais, a fresco: a central, da autoria do pintor Guilherme Camarinha , e as laterais, do mestre da Escola de Belas Artes desta cidade, sr. Dordio Gomes. Ao lado, no salão de chá, chamam a atenção do visitante quatro paineis pintados em contraplacado, igualmente da autoria de Guilherme Camarinha, tendo por motivo as quatro estações do ano. Os dois salões - ligados por uma e mesma harmonia de conjunto, a que um enorme painel formado por 44 espelhos, com 72 metros quadrados, dá unidade visual - estão apetrechados com luz indirecta e instalação sonora, dividida. A imponência deste estabelecimento é aumentada por mármores de Leiria, de ricas e raras tonalidades. O «café», com ar condicionado, tem capacidade para 130 mesas e a cozinha, completamente electrificada, possue, e pela primeira vez em Portugal, aparelhagem para esterilização de chávenas, capaz de esterilizar 600 em quinze minutos. Cada salão possue o seu balcão-frigorífico privativo, ligado por um elevador. O Século – 28/11/1944.

Cafés do Porto – antes e depois 

Os cafés do Porto – artigo de Maria Teresa Castro Costa http://www.apha.pt/boletim/boletim2/pdf/CafesDoPorto.pdf


Acidente de Jim Clark, em frente ao café Bela Cruz, no final dos treinos. O carro foi reconstruído durante a noite e o corredor pôde conquistar o seu primeiro pódio na Formula I. Na foto vê-se Jim Clarck muito abatido e o seu patrão Colin Chapman perto do carro, á direita. 
Foi Campeão do Mundo de Fórmula I em 1963 e 1965. Morreu em 1968 numa corrida de Fórmula 2 em Hockenheim, Alemanha. 
Vê-se bem o Bela Cruz e a assistência – ainda se vê o antigo urinol que lá existiu muitos anos.


Café Bela Cruz - 1971

Este café abriu em meados dos anos 50 do século passado e era muito frequentado por se encontrar na Praça Gonçalves Zarco, lugar belíssimo. Assistia-se aqui à corridas de automóveis, lugar muito disputado e caro.
Desde 2009, após grandes obras, reabriu como discoteca, sendo frequentado pela elite do Porto.

Café Bela Cruz - vídeo 



Uma das distracções dos aposentados é o jogo das cartas. Jogam a sueca ou a bisca, seja nos jardins ou nos cafés da cidade. Por vezes com grande entusiasmo, acesas discussões, batendo cartas com violência… Mas não estão sós. É muito comum verem-se assistências interessadas que discutem as melhores jogadas ou erros dos jogadores.

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