terça-feira, 4 de março de 2014

VÍVERES QUE ANUALMENTE GASTAM NA CIDADE - V

3.9 – Consumo de frutas e legumes - I



Feira na Cordoaria – desenho do Barão de Forrester – 1835 - atrás à esquerda vê-se ainda o Recolhimento do Anjo onde mais tarde esteve o Marcado do Anjo e hoje a Praça de Lisboa. Á direita vê-se uma armação de madeira onde as vendedeiras penduravam as balanças, pois era-lhe proibido tê-las numa mão dada a possibilidade de “aldrabar” o peso da mercadoria. Se apanhadas em flagrante pagavam uma pesada multa.

Entre as vendedeiras desta feira e a câmara houve, em 1822/1823, uma grave questão provocada pela mudança do local onde se realizava.
Ordenou a câmara que esta passasse a realizar-se “para o sítio do correio antigo, em barracas encostadas ao muro das Carmelitas (supomos ser nos ferros velhos). Protestaram as hortaliceiras contra o que julgavam decisão prejudicial aos seus legítimos interesses e direitos”. Consideravam o novo local impróprio para o negócio dado ter muitos inconvenientes : “ Estava sempre ocupado em dias de feira com as plantas, com as flores que até impedem de passar gente (e a ocupar os seus espaços). Porque estão expostas a serem atropleladas pelas bestas do alquilador Carneiro que passam neste sítio, e até algumas vezes andam os seus criados a folgar com elas, podendo acontecer uma desgraça como já aconteceu no sítio da Batalha. Porque mui pouca gente acode àquele sítio. Porque entesta o Sol de sorte que as suplicantes perdem todos os dias muitas canastras de hortaliça que lhes ficam por vender e “”inchoquessem”” com o Sol… As suplicantes reclamam a sua antiga praça da Cordoaria que a câmara lhes tinha destinado há mais de 20 anos, praça aonde o povo acorre e ser uma frequente passagem de gente, e até porque ali se conservam até alto dia muito boas pelo fresco e sombra que recebem das árvores… (Suplicam à câmara que se compadecesse) das pobres suplicantes e das suas famílias, que não têm outro recurso da sua vida e que em tão pouco tempo de mudança, ficaram totalmente empobrecidas e em breve mendigarão uma esmola de porta em porta, se houver quem a desse, e se a Divina Providência não acudisse”.
Esta suplica era acompanhada de 47 assinaturas de vizinhos que as apoiavam.
E a feira voltou à Cordoaria, onde esteve ainda por largos anos.
- baseado em artigo do historiador Eugénio Andéa da Cunha Freitas, em O Tripeiro Série VI, Ano IX). 




Venda de cebolas


Ribeira – Mercado de Fruta –anos 30 do séc. XX 



“Em 1451 iniciou-se a freira franca em frente ao convento, por ser lugar mais adequado, que viera transferida da antiga Rua Formosa (depois Rua dos Ingleses) onde fora estabelecida, por D. João I em 1441. Realizava-se no dia 1 de cada mês e conservou-se pelo período de cento e onze anos. Em meados do séc XIX o mercado era exclusivamente de comestíveis”.




Mercado ambulante na rua Escura - 1960


Rua Escura – mercado - 1983



Festa em 15 de Agosto – o aqueduto levava água para o convento


Em frente à Cadeia da Relação


Parque da cidade – feira de produtos biológicos


De um forasteiro do sul em 1908: “As mulheres do Porto são geralmente bonitas e, a despeito das más condições higiénicas e do mau cheiro da cidade, são fortes, coradas e robustas; a mulher do povo, que desempenha serviços violentos, como de resto sucede em todo o norte do país, serviços próprios do sexo forte, quando caminha tem o gingar dos quadris próprio do trabalho, filho da actividade e que não se obtém na vida geralmente sedentária que passa a mulher do povo nas províncias do sul. As padeiras com o açafate do pão à cabeça, as costureiras e as mulheres das fábricas com os seus penteados de bandós com o clássico cordão ao pescoço e com as argolas de ouro nas orelhas fazendo no Inverno uma bulha ensurdecedora com os tamancos, dão uma nota muito interessante e muito curiosa da parte feminina do Porto; é pena largarem às vezes cada palavrada, capaz de fazer subir o rubor às faces dum soldado de cavalaria da Guarda Municipal!” In O Tripeiro, Volume 3, 20/5/1910.



Vendedeira de alhos 


Vendedeira da Madalena

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