quarta-feira, 28 de maio de 2014

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO PORTO - II

3.11.4 - Santa Casa da Misericórdia do Porto - II


Casa da Misericórdia – este edifício pertencia, quando a Confraria de Nossa Senhora da Misericórdia a ocupou, em 1555, a António de Amaral de Albuquerque e a sua esposa D. Maria Pereira Leite. 


Galeria dos Benfeitores

O Núcleo Museológico da Misericórdia do Porto é constituído pela Igreja Privativa, Galeria dos Benfeitores e a antiga Casa do Despacho.



Sala das sessões


Do estudo de Luis Alberto Casimiro, Pintura e Escultura no Renascimento no Norte de Portugal, reproduzimos a referência sobre este grandioso painel:

"Um dos maiores tesouros da pintura flamenga que o Porto possui é o conhecido painel Fons Vitae que se encontra na Santa Casa da Misericórdia
daquela cidade. Datada de 1518-1521 e atribuída, pelos estudos mais recentes,
ao círculo de Barend Van Orley. A obra, cujo historial permanece desconhecidoaté Agosto de 1824, altura em que é referido no inventário da Santa Casa da
Misericórdia do Porto, foi analisada, sob diversas vertentes, por Pedro Dias. A
pintura representa Cristo crucificado, já morto, com o lado direito ferido pela
lança do soldado, do qual jorra abundantemente o sangue redentor. É este sangue
de Cristo, derramado pela remissão dos pecados da humanidade, que dá nome
à pintura: Fonte da Vida. De facto, Cristo afirmara: «quem beber do meu sangue
terá a vida eterna» (Jo 6, 54). Representando literalmente esta alusão eucarística,
mediante uma iconografia invulgar, o pintor faz com que o precioso sangue do
«Cordeiro de Deus» imolado seja recolhido numa taça de enormes proporções
no bordo exterior da qual é possível ler as inscrições latinas: Fons Misericordie,
Fons Vite, Fons Pietatis (sic). A composição assenta numa rigorosa simetria tendo
como eixo central a cruz que emerge do centro da taça. Cristo é ladeado pela sua
Mãe e pelo apóstolo São João, presentes no Calvário no momento da sua morte.
Ambos expressam dor e comoção pelo fim trágico do Filho de Deus. O drama
do acontecimento é reforçado pelas tonalidades sombrias das nuvens que, no
momento da morte de Cristo, «envolveram de trevas toda a terra» (Mt 27, 45). Na
paisagem longínqua, tratada de forma miniatural à maneira flamenga, vislumbra-se
a cidade de Jerusalém palco dos acontecimentos daquela memorável Sexta-feira
Santa. Em redor da Fonte da Vida, de joelhos, em atitude de contemplação e
adoração, dispõem-se, em círculo, mais de trinta personagens que os historiadores
têm vindo a identificar. Assim estão presentes, no primeiro plano, o monarca D.
Manuel I e sua mulher, ladeados pelas princesas D. Isabel e D. Beatriz, no lado
direito da rainha, enquanto do lado esquerdo de D. Manuel, se encontram os seis
infantes. Seguem-se, de ambos os lados, uma série de personagens religiosas e
laicas que têm originado alguns ensaios de interpretações e identificações. Todavia
o facto de estarem presentes figuras da corte portuguesa, bem como as alterações
detectadas no processo construtivo por exames recentes, leva a crer ter existido
um acabamento em duas fases, a última das quais já em Portugal altura em que
foram concluídas as diversas fisionomias".






Cálice de Arouca


O Provedor António Tavares deu a conhecer o Cálice no 515º aniversário da Instituição:

“Um Cálice. Uma ideia.
A ideia surgiu numa reflexão. O cálice de Arouca, uma peça de referência no acervo artístico da Misericórdia, doado pelo Padre Manuel Cerqueira Vilaça Bacelar, vindo de um dos conventos extintos em 1834, parecia merecer um parceiro mais contemporâneo. A oportunidade acabou por surgir de uma maneira simples.
No processo preparatório de constituição do Museu, a limpeza do cofre do Arquivo Histórico revelou a existência de alguns envelopes. O que continham esses envelopes? Alguns do século XIX e outros do século XX. Ouro na forma de alianças anónimas de casamento e de outras peças de ourivesaria. Eram peças com significado para os seus proprietários mas sem uma memória e uma identidade individual. Eram peças que significavam para a Misericórdia do Porto um encontro de confiança.
Num determinado momento daquelas vidas tínhamo-nos cruzado nos afectos e na entrega solidária. Que fazer com esta descoberta? Esse era o desafio. Um desafio que queríamos resolver com dignidade e honra. Aquelas peças, que um dia tinham simbolizado uma aliança de amor, não podiam perder-se na eternidade dos tempos.
Então, em conversa com o Padre Américo Aguiar e a Carolina Oliveira uma ideia germinou. Fazer o cálice de Arouca do século XXI e, desse modo, preservar aquela memória coletiva. Encontrar o criador que materializasse a ideia não foi difícil. O Mestre Alcino foi o escolhido.
A ideia era fazer com o ouro daquelas peças um cálice que, na sua base, fizesse uma referência a todos aqueles e aquelas que deixaram aquele espólio tão pessoal e íntimo.
Deste modo soubemos perpetuar a sua memória. Soubemos contribuir para que, de um modo simbólico, todos os dias estejam connosco.
Paz à sua alma. Obrigado.
14 de Março de 2014
António Tavares
Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto”.


Medalha dos 500 anos 


Salva dos Medronhos

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