quinta-feira, 30 de outubro de 2014

CONVENTOS DE RELIGIOSOS - VII

3.12.4 – Convento de Santo Agostinho da Serra – Serra do Pilar - II





Foto de Manoliveira


Cúpula – foto de Porto Monumental e Artístico


Foto de Manoliveira

Curiosidade: Já lemos que um arquitecto estrangeiro foi escolhido para construir a cúpula da Igreja da Serra do Pilar. Para tal teria recebido metade do ajustado. Quando acabada, o povo e outros arquitectos terão receado que dado o seu tamanho e forma não se aguentasse quando retirados os altos troncos que a escoravam. O próprio arquitecto talvez também não tivesse total confiança na sua obra pois, foi adiando a sua retirada. Não recebendo o restante do seu pagamento, decidiu certa noite fugir do Porto, o que reforçou esse receio. Por esta razão a Igreja não foi utilizada durante muitos anos. Com o tempo os troncos, apodrecidos, desabaram, mas a cúpula manteve-se firme e resistiu mesmo aos bombardeamentos dos Miguelistas durante o cerco do Porto, 1832/33. Será isto verdade ou lenda?


A – Igreja; B – Claustro - Desenho de A. Haupt


Claustro em 1900 – atrás da coluna pode ver-se a base do chafariz.

Segundo Eugénio Andrea da Cunha Freitas “...prova-se que o claustro circular do Mosteiro da Serra se começou em 1576 e estava concluído em 1583”. Tem 36 colunas.


1950

“Os amigos do Mosteiro da Serra do Pilar” criados em 1925, começaram por restaurar este claustro, que estava completamente renovado em 1926.




Interior do claustro – foto A Cidade Surpreendente


Em 1925, foi constituída a Comissão dos Amigos do Mosteiro da Serra do Pilar, que, através de grandes sacrifícios, conseguiu não só realizar muitas beneficiações na igreja, como também alcançou restaurar o lindo claustro do convento, construído em 1602, em forma redonda, como a igreja, e único no país com tal disposição.
Também foram restauradas outras dependências do mosteiro, que jaziam em ruínas, de forma a poderem servir para a guarda de muitas raridades que nelas foram recolhidas”.


Anos 50 do séc. XX

terça-feira, 28 de outubro de 2014

CONVENTOS DE RELIGIOSOS - VI

3.12.4 – Convento de Santo Agostinho da Serra – Serra do Pilar - I






Imagem de 1678 - o dia 15 de Agosto é dedicado no calendário religioso à Assunção de Nossa Senhora ao Céu. O culto a Nª Sª do Pilar teve origem em Espanha, em pleno séc. XVII e terá sido trazido para Portugal depois da Restauração. De acordo com a tradição S. Tiago Menor, Apóstolo, desalentado após o martírio de Santo Estêvão, no período das perseguições aos cristãos, veio pregar o Evangelho para Espanha. Foi aí que lhe teria aparecido a Virgem sobre um pilar, exortando-o à pregação e pedindo-lhe a construção de uma igreja, em sua dedicação.



Torre da Capela original do convento – foto de img. Photobucket


“No ano de 1140, o bispo do Porto, D. Pedro Rabaldio, fundou um mosteiro de freiras, que seguiam a regra de inclusas ou emparedadas, no sítio em que está erigido o edifício do actual mosteiro da Serra do Pilar, de invocação a São Nicolau. 
Este mosteiro vigorou até princípios do século XIV, em virtude de não haverem religiosas que desejassem continuar a cumprir a cruciante penitência usada nesta casa religiosa.
Em virtude do convento das Donas Emparedadas de São Nicolau ficar desabitado, o prior do convento de Grijó, D. Bento Abrantes, deliberou estabelecer uma filial do seu mosteiro no sítio em que existiu o das monjas de S. Nicolau.
E, assim, depois de ter obtido a licença pontifícia, conseguiu que o bispo D. Baltasar Limpo, prelado do Porto, viesse benzer e lançar a primeira pedra para a edificação do novo mosteiro, cerimónia que foi realizada no dia 28 de Dezembro do ano de 1537. Em 19 de Junho de 1540, o fidalgo João Dinis Pinto vendeu, para cerca do novo mosteiro, pela quantia de 10$000 reis, uma parte da sua quinta de Quebrantões, da qual era Senhoria directa a Câmara do Porto.
Dois anos depois, em 1542, o novo convento recebeu os primeiros monges, que vieram do convento de Grijó.
No ano de 1566, convieram os priores dos conventos de Grijó e da filial a dividirem os seus rendimentos, com o objectivo do novo mosteiro ficar independente. Nesta conformidade o novo mosteiro substituiu o orago do Salvador pelo de Santo Agostinho, que foi mantido até à sua extinção em 1834. O prior D. Acúrcio de Santo Agostinho resolveu mandar construir a actual igreja ao lado da primitiva, que ainda hoje se pode ver, no ano de 1598.
Foi o prior D. Jerónimo da Conceição que, no domingo de Páscoa do ano de 1678, mandou colocar, no altar-mor da igreja do mosteiro, a imagem de Nossa Senhora do Pilar, à veneração dos fiéis”. In G-Sat.net.“

Eugénio Andrea da Cunha Freitas dá uma razão diferente da acima indicada para a construção do Convento da Serra do Pilar. Diz que o convento dos Cónegos Regrantes de Coimbra levavam uma vida “de um certo relaxamento de costumes, vícios e abusos dos crúzios, que ofendiam os povos, e queixas subiam até à própria corte”. O mesmo acontecia no de Grijó. “D. João III decidiu pôr termo a esses desregramentos e em 1527 nomeou-lhes um reformador, o frade Jerónimo Fr. Brás de Braga”.
O Mosteiro de Grijó não o aceitou como tal recusando-se a obedecer a um frade de outra regra. “Filia-se nesta rebeldia a fundação do Mosteiro do Salvador do Porto, depois denominado Serra do Pilar. Sob o pretexto que Grijó estava arruinado, e em lugar baixo e muito húmido, de acordo com 
o Bispo do Porto, D. Frei Baltazar decidiu fundar, em 1537, um novo mosteiro na margem esquerda do Douro. Lançou a primeira pedra D. Frei Baltazar Limpo, em 28/8/1538…a igreja concluiu-se em 1660”.


Convento da Serra do Pilar antes do cerco do Porto de 1832 – gravura do Barão de Forrester tirada a nascente do Prado do Repouso. Á direita ficava a Capela do Senhor do Carvalhinho que serviu de quartel da marinha de D. Pedro durante o cerco. Mais acima ainda se vê um pouco da Muralha Fernandina. Por baixo do convento encontra-se a Capela do Senhor d’Além e a Ponte das Barcas.


James Holland – 1838 – Mosteiro da Serra do Pilar ainda com vestígios do cerco do Porto 

James Murphy, em 1789, diz-nos, acerca dos padres deste convento, que:
“ O meu guia abordou um desses reverendos padres, vestido de uma batina preta e coberto de um largo chapéu. Estava montado numa mula, consoante o estatuto da sua Ordem que proíbe a todo o membro da comunidade mostrar-se a pé fora dos muros do convento, de tal modo que estes formam uma espécie de corpo de cavalaria, em geral, mais respeitado ou, pelo menos – assim se crê ser, do que o clero a pé”.


Foto de Frederick Flower – 1849/1859


Foto Frederick Flower – 1849-1859 – vê-se a torre do convento do séc. XVI e uma parte do convento destruída.


O convento, durante a luta do cerco do Porto - 8 de Setembro de 1832 a 18 de Agosto de 1833 -ficou muito danificado, a ponto de não se poder praticar o culto. 

“Todavia, um grupo de devotos Gaienses resolveu representar à rainha D. Maria II, para constituírem uma confraria, que celebrasse o culto à Virgem do Pilar. A esta confraria se deve a salvação da actual igreja do convento da serra do Pilar, porquanto foi a expensas dos seus filiados que foram adquiridos os artigos e objectos indispensáveis à prática do culto, como também pagaram as reparações mais necessárias, que evitassem a ruína de tão importante monumento, único na península pela sua forma redonda e magnificência arquitectónica.
Para o culto exclusivo à imagem de Nossa Senhora do Pilar constituiu-se, em 15 de Agosto de 1895, uma «Devoção de Nossa Senhora do Pilar».


Foto de 1880 – reparar na rampa que nasce junto do rio e serpenteia o morro até ao adro do convento, ainda arborizado.



Anos 20 do séc. XX – In O Tripeiro, Volume V

Em 1925 fundou-se o grupo "Os amigos da Serra do Pilar" que rapidamente iniciaram as obras de recuperação do convento, tal como se encontrava antes da 1832.

Uma aposta de um frade do Convento de Santo António do Vale da Piedade contra um Agostinho da Serra do Pilar:



Além da Igreja e Mosteiro da Serra do Pilar vêem-se a Fabrica de Rolhas, fábricas de louças e, junto à ponte, o Casino de Gaia.


Fachada Norte


Arruamento e casas demolidas em 1920 para a construção do terreiro e acesso. É bem visível a antiga igreja.


Construção do muro de suporte da Serra do Pilar


Derrocada provocada pelas chuvas


Construção do muro de suporte na Avenida Marechal Carmona, como então se chamava.



1950


O muro de suporte já terminado - vê-se à esquerda a torre do primitivo convento do séc. XVI - foto de Nicolas Sapieha


Zimbório


Foto de mjfsantos.blogs.sapo.pt


Foto de Horta do Zurate

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

CONVENTOS DE RELIGIOSOS - V

3.12.3 – Convento de Santo Eloi e Igreja de Nossa Senhora da Consolação




Planta dos Convento e Igreja de S. Elói – José Champalimaud de Nussane - 1790
A- Igreja, B-Cerca do Convento, D- Torres projectadas, E- Muralha 
O convento dava para o Largo dos Loios. Ocupava o terreno desde esta praça até à Porta de Carros, hoje Praça Almeida Garrett. Havia uma pequena passagem entre o convento e a Muralha que foi fechada devido aos perigos, assaltos e prostituição que aí havia. Quando a muralha foi demolida o convento ocupou este espaço até à Praça Nova das Hortas. Nesta ainda existe a Fonte da Natividade. Sobre esta importante fonte ver o lançamento de 19/4/2013 "Fonte da Arca ou da Natividade".


Igreja de uma só nave mais alta e uma capela-mor destacada. A Torre ficava do lado Norte e era desgraciosa. Em 1/11/1755 o terramoto fendeu a torre de alto a baixo. Ainda se encontra o Postigo dos Loios, onde depois foi aberta a Porta do Almada.


Convento de Nossa Senhora da Consolação dos Cónegos de S. João Evangelista ou Loios – gravura de Joaquim Vilanova – 1833 – D. Violante Afonso mandou construir em terreno seu, para sua sepultura, uma capelinha dedicada a Nossa Senhora da Consolação. Em 1490 o Bispo do Porto D. João de Azevedo, tendo vontade de construir um mosteiro para a Congregação de S. João Evangelista, recebeu os terrenos, por doação, e aí construiu o Mosteiro e Igreja de Santa Maria da Consolação ou de Santo Elói, fundado em 6 de Novembro de 1491. 
Tendo-se tornado insuficiente foi decidido proceder á sua demolição e reedificação que, tendo começado em 1593 continuaram no séc. XVII. 
Em 1794 os frades foram autorizados a demolir a muralha que dava para a Praça Nova das Hortas e a construir um majestoso edifício com a frontaria para esta praça. ARC já não escreve sobre este novo convento inacabado, pois escreve em 1788: “é o mais pequeno e velho, assim no seu claustro como nos seus dormitórios”. 
Em 1833, por decreto de D. Pedro IV, foram os seus bens confiscados, não estando ainda terminadas as obras. A igreja e o mosteiro, virados para a Praça dos Loios, foram destruídos, em 1833, por estarem em estado ruinoso.
Esta gravura foi feita em plenas lutas liberais e vários dos personagens parecem ser militares ou guardas municipais. As pirâmides serão de material militar para a artilharia.
Nesta foto já não existe a Fonte da Natividade, pois D. Pedro IV mandou-a destruir assim que chegou ao Porto, em 1832, para alargar a praça.


Mapa de Teles Ferreira - 1892 - nesta data a ocupação do terreno já é muito semelhante à que permaneceu até 2006. Era ocupada por habitações e lojas comerciais, além da grande Casa das Cardosas, a Norte. A zona interior era ocupada por armazéns.


Em 1834 o convento foi adquirido por Manuel Cardoso dos Santos, brasileiro de torna viagem, que o comprou por oitenta contos de reis com obrigação de concluir o palácio segundo o antigo projecto, tendo sido terminado, em 8 de Junho de 1853, pela sua viúva. Daí, segundo Horácio Marçal, dever-se-ia chamar “Palácio da Cardosa e não das Cardosas”. Este grandioso edifício tem na sua totalidade 117 janelas e 39 portas. Em 1970 este prédio ainda pertencia aos descendentes da mesma família. – Apontamentos tirados de O Tripeiro Série VI, Ano X.


O passeio em frente ao palácio era, nos meados e finais séc. XIX, o conhecido “Real Clube dos Encostados ou pasmatório público”, onde se reuniam, na cavaqueira, os artistas, jornalistas e boémios do Porto. Dedicavam-se à má língua, às conversas sobre política e mulheres e também a negócios. Muitas das notícias acabadas de chegar de Lisboa eram aqui conhecidas. Tem interesse reparar nas portas e tabuletas, bem como no bonito candeeiro.


Vista aérea do quarteirão antes da requalificação de 2006 a 2011


Após a requalificação


Após as grandes obras realizadas no edifício, e quarteirão adjacente entre 2006 e 2011, está nele instalado o luxuoso Hotel Intercontinental.


Largo dos Loios em 1967


2009