segunda-feira, 29 de junho de 2015

GOVERNO MILITAR II

5 . 3 - Governo Militar II

Guarnição Militar do Porto


Fardamento do séc. XVII


Fardamentos do séc. XVIII




Largo e Quartel da Torre da Marca


Largo do Corpo da Guarda




Quartel da Torre da Marca ou Infantaria 6 – foto Portojo 

Sousa Reis (1810-1876) escreveu: “Não há lembrança ou documento algum que nos indique a época, o modo e as circunstâncias que deram na edificação e fundação deste quartel, ainda que o seu portão indique ser do séc. XVII”. 
Neste mesmo estudo, publicado pela C. M. do Porto, afirma que, na Rua do Triunfo (hoje de D. Manuel II), se situava o Quartel da Torre da Marca, tendo um grande muro virado a esta rua, um portão e largos espaços para treino e agricultura. Tinha um grande muro atrás do qual foram construídas algumas reduzidas casas e anexos térreos que serviam de dormitórios aos militares. 
Só já no século XX foram terminadas instalações condignas. 
No Dicionário Portugal Antigo e Moderno Pinho Leal, em 1875 descreve este quartel:


Refira-se que a Rua a Liberdade é hoje a Dr. Alberto Aires de Gouveia e a que é referida como ligando a Rua do Triunfo à da Restauração é a Rua Jorge Viterbo Ferreira.


Quartel de Santo Ovídio – 1793

O Quartel de Santo Ovídio foi construído por Aviso Régio de 20 de Fevereiro de 1790 da Rainha D. Maria I, no lado Norte do Campo de Santo Ovídio, para albergar o 2.º Regimento de Infantaria do Porto, que fora criado em 1762 e instalado nos celeiros da Cordoaria, em péssimas condições. Estes celeiros, que sofreram um grande incêndio, localizavam-se onde hoje se encontra o Palácio da Justiça. O autor do projecto foi o Tenente-Coronel Engenheiro do Reino, Reinaldo Oudinot (1747/1807), que dirigiu a obra, iniciada em 1793, conjuntamente com o Arq. Teodoro de Sousa Maldonado. Em 1797 juntou-se-lhes o Arq. José Francisco de Paiva. Em 1799, por morte do Arq. Maldonado, aquele substitui-o e a partir de 1804, com a ida de Oudinot para a Madeira, ficou sendo o responsável pelas obras, que se arrastaram até 1805-1806. 
Pinho Leal escreve que “É um vasto edifício, com capacidade para aquartelar 2500 homens, quando as camas eram uma estreita enxerga, sobre tarimbas geraes. Hoje (1875), porém, que cada soldado tem uma cama de ferro, desviada um metro da imediata, apenas pode dar quartel a 1300 ou 1400 praças”. 
“Apesar de ter sido construído de raiz como quartel para um regimento de infantaria, foi ocupado ao longo dos anos para outro tipo de tropas. Assim coexistiram, em diferentes épocas, conjuntos diversos de tropas de infantaria com artilharia, cavalaria e engenharia, ou inclusive milícias (durante o cerco do Porto – Batalhão de Milícias de Santo Ovídio).” Site do exército.


Tenente-Coronel Engenheiro do Reino, Reinaldo Oudinot (1747/1807)

“Em 24/8/1820s e reuniram nele as tropas da guarnição da cidade – Infantaria 6 e 18 e Artilharia 1 e as milícias do Porto e da Maia e aí aclamaram a Carta Constitucional da Monarquia... 


...Á revolta sucedeu missa campal. Deste facto deriva a mudança de Campo de Santo Ovídio por da Regeneração”. In O Tripeiro Volume IV


Quartel de Santo Ovídio – Joaquim Vilanova – 1833


Cerca de 1850


Postal escrito em espanhol – e conseguir ler? – 2/3/1905



1940



Parada militar no terreiro do Quartel de Santo Ovídio – 1900 – Photo Guedes


O Tripeiro, Volume 6 - 15/9/1927


Missa campal aquando da visita do Rei D. Manuel II- 1908

O nome inicial de "Praça de Santo Ovídio" deveu-se a uma capela que, desde meados do século XVII, existia junto à estrada de Braga de invocação de São Bento e de Santo Ovídio. Após a insurreição militar de 1 de maio de 1851 que levou à queda de Costa Cabral, o largo adoptou o nome de "Campo da Regeneração". Com a implantação da República em Portugal, em 1910, o seu nome foi alterado para Praça da República, pela importância que o logradouro tivera na Revolta de 31 de Janeiro de 1891.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

GOVERNO MILITAR - I

5 . 3 - Governo Militar I


Mapa de Portugal Antigo e Moderno – 1762 - Pe. João Baptista de Castro (1700-1775)





Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição - Póvoa de Varzim



Fortaleza de Nossa Senhora das Neves – Leça da Palmeira

As suas obras iniciaram-se sob a Dinastia Filipina, em 1638 ou 1639, por determinação de D. João Rodrigues Sá e Menezes, 1º Conde de Penaguião, no local de Santa Catarina, visando a defesa daquele porto contra as ameaças de piratas e corsários. Ficaram a cargo do Capitão António Francisco Chorão.
Após a Restauração da Independência portuguesa, considerando a sua grande importância estratégica para a defesa da barra, os oficiais da Câmara Municipal do Porto, em 1642, pediram ao Rei que se terminassem as obras com a maior brevidade. As suas obras foram retomadas, em 1646, instituindo-se, por Alvará de 1648, uma guarnição de seis soldados pagos para esta fortificação. Segundo um documento lavrado por um tabelião do Porto, em 1655 ainda as obras não se tinham concluído, cuidando-se da despesa da artilharia da fortificação.
Um Relatório de 1701 dá conta de que a fortificação ainda se encontrava incompleta, embora artilhada com quatro peças e guarnecida por oito soldados sob o comando de um tenente. Acredita-se que o forte tenha sido concluído em 1720.
Durante as Guerras Liberais, em 1832, o forte foi objecto de algumas benfeitorias, nomeadamente nos armazéns, ponte levadiça, escada do fosso e parapeitos, mantendo, ainda, algumas canhoneiras ao nível da magistral.
No século XX, as suas instalações foram entregues à Capitania do Porto de Leixões que nelas se instalou, fazendo erguer em seu terrapleno alguns edifícios para alojamento de pessoal, que descaracterizaram o conjunto.
Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 5 de Dezembro de 1961, em boas condições de conservação.
Fortificação marítima, de tipo abaluartado, apresenta planta no formato de um polígono estrelado de quatro pontas, com guaritas e respectivas cúpulas nos vértices. É defendido externamente por cortinas inclinadas.




Foto de Manuel Ferreira Meneses


Foto de Armando Tavares

O Forte de S. Francisco Xavier é também conhecido como Castelo do Queijo por, segundo a tradição, ter sido edificado sobre uma rocha de granito arredondada, e com um formato de um queijo (penedo do Queijo). Reza a tradição que o penedo do Queijo foi um lugar de culto para os Draganes, uma tribo celta que havia chegado à Península Ibérica no século VI A. C. Nesse local supõe-se ter existido um forte do século XV. Em ruínas, em meados do século XVII, serviu como alicerce para esta fortificação marítima, erguida à custa da Câmara Municipal do Porto durante a Guerra da Restauração da independência portuguesa (1640-1668), segundo projecto do engenheiro militar francês Miguel de l'Ècole. Durante o cerco do Porto esteve ocupado pelas forças miguelistas (1828-1833) que muito o danificaram. Durante a revolta da Maria da Fonte (1846), foi ocupado pelas tropas da Junta do Porto e foi alvejado pela fragata Íris, fiel ao governo de D. Maria II. Em 1890, foi entregue à Guarda Fiscal que a conservou até 1910.
No dia 25/4/1974, este mesmo castelo foi tomado pelo exército comandado pelo General Carlos Azeredo.
Actualmente, restaurado e em perfeitas condições, encontra-se sob a guarda da Associação de Comandos (Delegação do Norte) que ali mantém um museu histórico-militar aberto ao público.


1920

Ramalho Ortigão conta-nos, sobre o Porto em 1850:


In O Tripeiro – Volume 2


Forte de S. João Baptista da Foz do Douro – 1849 – será foto de Frederick Flower? 


séc. XIX ? 


Interessante foto do forte ainda sem os campos de ténis – ao fundo a Esplanada do Castelo – 1900


1962





“Iniciado durante o reinado de D. Sebastião (1557-1578), em 1570, sob a supervisão de João Gomes da Silva, diplomata e homem de confiança da Corte (autoria do mestre de fortificações Simão de Ruão, filho de João de Ruão), constituía-se numa simples estrutura abaluartada, envolvendo o hospício (mosteiro) e a igreja dos beneditinos de Santo Tirso (Igreja Velha) antigas estruturas medievais. 
O bispo de Viseu, D. Miguel da Silva edificou neste local uma igreja e paço abacial anexo, para os quais recorreu aos projectos do arquitecto Francesco de Cremona recrutado em Itália; 


conjuntamente com o Farol de São Miguel-o-Anjo (concluído em 1527), que dista do local poucas centenas de metros, resultaram da sua acção mecenática e constituíram a primeira manifestação de arquitectura renascentista no Norte de Portugal (a capela-mor e nave da igreja, com o envolvimento da estrutura abaluartada e o desmonte da cobertura, funcionaram como praça de armas do forte).
Com a Guerra da Restauração da independência impôs-se a remodelação da fortificação. 
Receando uma invasão espanhola pela fronteira norte do reino, o rei D. João IV (1640-56), em 1642 despachou para a cidade do Porto o novo Engenheiro-mor do Reino, o francês Charles Lassart. Este teve oportunidade de constatar, in loco, a ineficácia da estrutura seiscentista diante dos meios ofensivos setecentistas, e elaborou-lhe um novo projeto que a ampliava e reforçava. As obras ficaram a cargo do jesuíta João Turriano. Entretanto, problemas suscitados pela fonte dos recursos junto à Câmara Municipal do Porto e problemas pessoais do Tenente-governador da fortificação Pinto de Matos (1643-1645) atrasaram sensivelmente o início das obras.
Com a nomeação de Martim Gonçalves da Câmara, como substituto de Pinto de Matos (Maio de 1646), as obras foram finalmente iniciadas, com a demolição da Igreja Velha no mesmo ano. Tornadas prioritárias diante a invasão do Minho por tropas espanholas, encontravam-se concluídas em 1653. Dois anos mais tarde, era considerada a segunda do Reino, logo após a de São Julião, e a chave dela (cidade do Porto) com a qual não só se assegurava mas toda a Província do Entre Douro e Minho e a da Beira. Ao final do século XVII, em 1684 estava guarnecida por 22 artilheiros, congregando seis regimentos de Cavalaria e dezoito de Infantaria.


In O Tripeiro – Volume 5 

Antepassados dos Marqueses de Fontes foram determinantes na edificação do Castelo da Foz; por esse facto gozavam da regalia de nomear o seu governador.


Foto de José Magalhães 

O novo portal de acesso ao forte, em estilo neoclássico, foi construído pelo Engenheiro Reinaldo Oudinot (1796), dotado de ponte levadiça, corredor de entrada acasamatado e corpo de guarda tapando a fachada palaciana no lugar de um revelim seiscentista. 


Foto de António Amen


A 6 de Junho de 1808 o Sargento-mor Raimundo José Pinheiro ocupou as suas instalações e, na madrugada seguinte, fez hastear a bandeira das Quinas, primeiro acto de reação portuguesa contra a ocupação napoleónica. 
Diante da evolução das embarcações e da artilharia, progressivamente perdeu a função defensiva, sendo utilizada como prisão para presos políticos. Entre os nomes ilustres que estiveram detidos nos seus cárceres, relacionam-se os de José de Seabra da Silva (à época do Marquês de Pombal) e os liberais José de Passos Manuel e duque da Terceira. 
O Forte esteve também envolvido nas lutas liberais, tendo protegido, durante o cerco do Porto (1832-1833), o desembarque de suprimentos para a cidade. Foi utilizado como prisão para presos políticos. 
No século XX foi residência da poetisa Florbela Espanca, esposa de um dos oficiais da guarnição. 
Na primeira metade da década de 1990, o monumento sofreu intervenção arqueológica sob a responsabilidade do Gabinete de Arqueologia Urbana da Divisão de Museus e Património Histórico e Artístico da Câmara Municipal do Porto”. In Wikipédia 

De forma bem diversa Camilo, em 1868, escreve sobre a sua passagem por este forte, com saudades da sua juventude:


  
Neste mesmo artigo, depois de lamentar as grandes despesas que a Câmara do Porto teve com a construção deste forte, relembra os valores que os barcos pagavam à entrada e à saída, para o forte, no ano de 1708:


Porque razão os barcos portugueses pagavam mais do dobro que os estrangeiros ???