terça-feira, 16 de junho de 2015

GOVERNO ECLESIÁSTICO - VII

5 . 1 - Governo Eclesiástico - VII


Comarca da Feira



Feira – Igreja Matriz e Convento dos Loios

“A Terra de Santa Maria, situada no cruzamento dos eixos Norte-Sul e Litoral-Interior dispõe de um posicionamento geográfico que, desde épocas remotas, fez desta região local de encontro e de passagem de muitos povos. Comprovam-no a existência das vias romanas que ligavam Lisboa a Braga (marco milenário encontrado em Ul) e o Porto a Viseu. Estas vias de comunicação continuaram a ser utilizadas durante toda a Idade Media e até ao século passado.
Após a reconquista, com base na antiga divisão administrativa dos conventos, três pólos de desenvolvimento se evidenciaram na região.


Mosteiro de Cucujães

Mosteiro de Arouca


Fotos de Victor Ribeiro



Cálices do Mosteiro de Arouca (séc. XVI-XVII), actualmente na S. C. da Misericórdia do Porto 

De acordo com as fontes documentais, foi fundado na primeira metade do século X, como um pequeno mosteiro habitado por uma comunidade religiosa sob a invocação de São Bento de Núrsia.
Recebeu carta de couto no século XII, período que definiu o caráter de centralidade deste cenóbio na vida política e administrativa da região. Desde 1154 passou a ser habitado apenas por religiosas.
A sua importância revigorou-se com o padroado da Beata Mafalda de Portugal, efémera rainha de Castela, que aqui viveu entre 1220 e 1256. Filha de Sancho I de Portugal e de Dulce de Aragão, em 1215 foi celebrado o contrato de seu casamento com Henrique de Castela. Diante do falecimento deste, porém, com 13 anos, Mafalda regressou a Portugal sem que o casamento se houvesse consumado, mas com o título de rainha. Seu pai, doou-lhe o Mosteiro de Arouca. Mafalda faleceu em 1 de maio de 1256, e encontra-se sepultada em Arouca.
Ao longo de sua existência secular, o mosteiro viveu períodos de grande desafogo económico que, de algum modo, se refletiram na procura de peças artísticas de grande qualidade, boa parte das quais ainda se mantêm.
Na época moderna o conjunto foi reconstruído e ampliado desde o final do século XVII. Um grande incêndio destruiu grande parte do mosteiro em 1725, tendo os trabalhos de reconstrução se estendido até aos últimos anos do século XVIII, conferindo-lhe a sua atual feição. Entre os artistas que contribuíram para o seu brilho, destacam-se Diogo Teixeira, Carlos Gimac e Miguel Francisco da Silva. 


Castelo da Feira

"Quando D. Henrique (1095-1112) recebeu as terras do Condado Portucalense (1095), estas incluíam os domínios não apenas deste Castelo de Santa Maria, mas também o Castelo de Guimarães, o Castelo de Faria e o Castelo de Neiva. Com o falecimento do Conde, diante da ascendência do galego Fernão Peres de Trava sobre a viúva, D. Teresa de Leão, os senhores ao sul do rio Minho, insatisfeitos, organizaram-se em torno do jovem D. Afonso Henriques, que, nesse ínterim, se armou cavaleiro (1125).
Parte expressiva desta articulação política terá tido lugar nas terras e Castelo de Santa Maria, sob o domínio do nobre Ermígio Moniz, culminando na batalha de São Mamede (Guimarães, 1128), razão pela qual se afirma ser este monumento o verdadeiro berço da independência de Portugal. 
No testamento de Sancho I de Portugal (1185-1211), redigido em 1188, este foi o principal dos cinco castelos eleitos pelo soberano para eventual refúgio da rainha, quando viúva, e das infantas.
Em 1282, Dinis I de Portugal (1279-1325) incluiu-o entre os doze castelos assegurados como arras a sua consorte, a Rainha Santa Isabel. Mais tarde, ainda neste período, foi tomado pelas forças do infante D. Afonso, em luta contra o soberano, seu pai. Quando celebrada a paz entre ambos, por iniciativa da Rainha Santa (1322), o domínio deste castelo (entre outros) foi outorgado a D. Afonso, mediante o compromisso de menagem prestado por este último ao pai.
Posteriormente, em 1357, era seu alcaide o nobre Gonçalo Garcia de Figueiredo.
Fernando I de Portugal (1367-1383) fez a doação das Terras de Santa Maria e seu castelo a D. João Afonso Telo de Meneses, conde de Barcelos (10 de Setembro de 1372), que instituiu como alcaide do castelo a D. Martim Correia.
A Dinastia de Avis; ao eclodir a Crise de 1383 — 1385 em Portugal, o conde de Barcelos tomou partido por Castela, atitude seguida pelo alcaide do castelo. Em 1385, o castelo e os domínios foram conquistados pelo alcaide do Castelo de Penedono, Gonçalo Vasques Coutinho, com o auxílio de recursos e gentes do Porto, para serem entregues a João I de Portugal, que por sua vez os entregou a D. Álvaro Pereira (primo do Condestável D. Nuno Álvares Pereira) (8 de abril). Posteriormente, o soberano concedeu o castelo e seus domínios a João Rodrigues de Sá.
No século XVII construiu-se dentro dos muros o Palacete dos Condes da Feira, demolido em 1929, e do qual apenas restam algumas paredes, a escadaria e o fontanário. Do mesmo período é a edificação da Capela de Nossa Senhora da Encarnação, sobre outra, mais antiga, da mesma invocação, por iniciativa de D. Joana Forjaz Pereira de Meneses e Silva, condessa da Feira, inaugurada em 1656.
Extinta a representação dos condes da Feira (1700), o conjunto passou para o património da Casa do Infantado (1708). Em 15 de Janeiro de 1722 um violento incêndio devastou o imóvel, votando-o a um longo período de abandono e ruína.
No século XIX, iniciou-se uma tímida recuperação do monumento: com o fim da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), o imóvel e terras anexas foram adquiridos em hasta pública pelo general Francisco Xavier da Silva Pereira (1835). Nesse período destacam-se ainda a visita por membros da família real portuguesa (1852), e os trabalhos de desentulhamento do antigo poço do castelo, por iniciativa da Câmara Municipal (1887).
O Castelo da Feira, sendo um local de pagamento de tributo era local privilegiado de comércio de produtos vários, pelo que em seu redor se foi instalando a população, dando origem à actual cidade de Santa Maria da Feira.
O povoamento da Terra de Santa Maria é já muito antigo, como o atestam a presença de vários monumentos funerários (mamoas), que remontam ao IV-V milénio antes de Cristo, bem como castros (povoações fortificadas) pré-romanos ou romanizados. O império trouxe as vias romanas, por necessidades militares ou comerciais e são ainda visíveis vários traços de vias e pontes dessa época, muitos dos quais ainda bem conservados.
Da Idade Média ficaram-nos testemunhos da arquitectura militar, de que o Castelo da Feira será o mais imponente e representativo. Mas é na arquitectura religiosa que a monumentalidade atinge a sua máxima expressão: conventos, igrejas e cruzeiros — do românico ao barroco — são muitas vezes o espelho do passar do tempo, através de intervenções sofridas em épocas variadas.
Até à sua elevação a cidade em 14 de Agosto de 1985, era conhecida como Vila da Feira”. In Wikipédia

Comarca da Maia



Mosteiro de Águas Santas 

A origem da freguesia de Águas Santas é anterior à formação da nacionalidade, havendo mesmo vestígios que asseguram a sua existência já no século VI. No entanto, o documento mais antigo que se conhece data de 1405 e consta dos registos relativos ao ano 1120 uma referência a Sancta Marya Aquis Sanctis, num foral de doação da cidade do Porto ao Bispo D. Hugo.
Conta a lenda que a madre superiora de um convento, ao saber da aproximação dos romanos, escondeu a imagem da Virgem Maria junto de uma fonte, ao desembrulhá-lo e ver a imagem de Nossa Senhora chorando. O povo, ao saber da notícia, chamou-lhe Fonte de Águas Santas. Mais tarde foi construída perto da fonte, a Igreja do Mosteiro de Águas Santas. Esta seria, então, a história do nome da freguesia.
O primeiro mosteiro desta Ordem do Santo Sepulcro localizou-se no actual concelho de Penalva do Castelo, cuja igreja também era denominada de Santa Maria de Águas Santas.
Quanto ao seu estabelecimento em Águas Santas da Maia, dizem alguns historiadores ter acontecido no tempo de D. Sancho I, baseados num documento de 1186.
Em 1489 o Papa Inocêncio VIII suprimiu a Ordem do Santo Sepulcro, unindo-a à do Hospital.
Em 1492, ou em 1551, realizou-se a união com a Ordem de Malta, transformando-se Águas Santas da Maia numa Comenda desta Ordem.
Para completar este pequeno apontamento histórico diga-se que todos os autores estão de acordo ao afirmar que a Ordem do Santo Sepulcro, em Portugal, apenas teve casas suas em Penalva do Castelo e na Maia.

Comarca de Penafiel




Matriz de Penafiel




Andor de S. Martinho

A Igreja de São Martinho, Matriz da Cidade de Penafiel, classificada como Monumento Nacional, de estilo renascentista de três naves e quatro tramos separadas por duas arcadas de arcos de volta perfeita apoiados em colunas jónicas e cobertos por abóbadas de berço, começou a ser construída em 1561 e concluída em 1570. A construção deu-se sobre a primitiva capela do Espírito Santo, remodelada no Século XVI ao gosto Manuelino por João Correia, rico mercador da cidade de Penafiel, para albergar aí o seu túmulo, constituído por uma lâmina em bronze e de tipo flamengo onde aquele fez representar a sua imagem gravada. 
No exterior destaque para a fachada maneirista, de parede lisa rasgada por duas amplas janelas que flanqueiam o pórtico, composto por duas colunas jónicas e entablamento clássico sobre o qual se desenvolve um nicho rectangular, com a representação policromada de São Martinho e o mendigo encimada por rosácea.



Igreja do Mosteiro de Paço de Sousa 

Foi fundado no século X por D. Godo Trutesindo Galindes, ascendente de Egas Moniz, o aio, que fez erguer neste local o seu paço. Serviu de refúgio ao abade Radulfo, aquando das invasões de Almançor (994). Constituía-se em uma comunidade beneditina. 
O mosteiro foi desocupado muitos anos depois e veio a cair em estado de degradação. Foi alvo de algumas obras de manutenção no século XI, vindo a ser completamente recuperado em meados do século XIII. Nesta mesma época foi feita a ampliação da Igreja anexa. 
Novas campanhas de conservação e restauro foram empreendidas no século XVIII e, mais tarde, no século XX, após um violento incêndio ter devorado os tectos de madeira da igreja em 1927. 
Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, o convento foi vendido em hasta pública, mas a igreja manteve-se aberta ao público. 
Apresenta um estilo arquitectónico na transição entre o estilo românico e o estilo gótico. 
Integra o conjunto do mosteiro uma igreja românica de três naves de apreciáveis proporções, na qual se destaca uma bela rosácea na fachada. A sua traça teve influência sobre toda a região de Penafiel, podendo dizer-se que este templo se enquadra no estilo doutros monumentos românicos, como os de Roriz, Gândara, Travanca e Pombeiro.



No interior deste mosteiro encontra-se sepultado Egas Moniz, preceptor de Afonso I de Portugal. No interior do túmulo existe uma pequena caixa de cobre com as suas cinzas fúnebres. O túmulo em si é uma magnífica peça com altos-relevos que retratam a ida do aio de D. Afonso Henriques à Corte do reino de Leão.


Mosteiro de Cete - 1905





Túmulo de D. Gonçalo Oveques

“A sacralização do solo pelo túmulo de D. Gonçalo Oveques, cuja capela funerária se encontra na torre de São Pedro, poderá estar na origem do Mosteiro de São Pedro de Cete, com documentação a comprovar a sua existência em 924 e, em 985, é possível encontrar referências a uma basílica em honra de São Pedro.
Outros historiadores indicam este nobre como o responsável pela reconstrução do Mosteiro, já que terá vivido no século XI.
A construção hoje existente, no entanto, não corresponde a épocas tão tardias, apresentando vários arranjos góticos, efetuadas no final do século XIII e início do século XIV, conforme inscrição visível na parede norte da capela-mor, junto ao sarcófago do Abade D. Estêvão Anes, falecido a 23 de julho de 1323, responsável pela reforma completa da igreja.
O facto de estas construções monásticas serem, nesta época, alvo de ataques constantes de muçulmanos ou normandos, justifica a existência de fortificações defensivas nas imediações, sendo, neste caso, o Castelo de Vandoma.
Aos patronos, famílias poderosas que efetuaram doações às ordens monásticas, cabia a tarefa de defender os mosteiros, beneficiando dos direitos de “aposentadoria e comedoria”, bem como do direito de serem tumulados no mosteiro.
A implantação deste Mosteiro neste local evidencia a organização do território na época, através das paróquias, e reflete a importância que as ordens religiosas desempenharam na formação e consolidação do reino. A presença de uma igreja garantia a posse e ocupação do território”. In A Rota do Românico



Igreja de S. Miguel de Eja


Porta lateral Norte


Arcada do Arco do Cruzeiro

“O território do Tâmega e Sousa assume uma elevada importância estratégica durante a Reconquista Cristã de D. Afonso III das Astúrias.
O domínio sobre o rio Douro constituiu, desde a proto-história, uma característica que fez de Entre-os-Rios um local privilegiado para implantação de habitações. Vestígios de uma muralha de um castro e registos da descoberta de cerâmica romana tardia são provas da ocupação do território.
A Igreja de São Miguel ergue-se num pequeno planalto, ilustrando a importância estratégica do local escolhido para edificar este monumento românico tardio.
A primeira vez que a Igreja é referenciada em documentos é no Livro de Testamentos de Paço de Sousa, datado de 1095, no qual é referida uma doação de parte da Igreja ao Mosteiro. Outro documento, de 1120, dá notícia de uma nova doação de parte da Igreja ao mesmo Mosteiro.
A arquitetura românica tardia que exibe situa a sua construção após o século XIV, ou seja, o edifício original terá sofrido profundas remodelações ao longo do tempo.
Os especialistas consideram que, quando o edifício foi erigido, há muito que o centro decisório regional havia deixado Eja, facto explicado pela modéstia da construção: templo de nave única e capela-mor quadrangular mais baixa e estreita que o corpo; alçados escassamente fenestrados e destituídos de pormenores decorativos relevantes; fachada principal de escassa volumetria, rasgada por portal de arco apontado a que se sobrepõe pequena fresta; arco triunfal igualmente apontado, decorado sumariamente com motivos geométricos e vegetalistas.
A Baixa Idade Média e a Modernidade deixaram poucas marcas na Igreja, o que não sucedeu na Época Barroca, durante a qual foi renovado o altar, com colocação de talha dourada, de estilo nacional, seccionado por três arcos de volta perfeita.
No século seguinte, as obras de atualização estética continuaram, edificando-se o coro-alto e introduzindo-se os retábulos laterais”. In A Rota do Românico

Para um melhor conhecimento desta área e sua história recomendamos o seguinte site:

Comarca de Sobre-Tâmega



“Fundado em 1540, o convento dominicano de São Gonçalo de Amarante foi construído no local onde se erguia uma pequena ermida medieval dedicada ao santo eremita. A edificação do cenóbio prolongou-se até ao reinado de Filipe I, e embora, numa primeira fase, a direcção da obra fosse atribuída a Frei Julião Romero, a feição maneirista que hoje apresenta o convento amarantino deve-se ao risco do arquitecto Mateus Lopes (RUÃO, 1995, p.24). 
A estrutura do Convento de São Gonçalo apresenta evidentes semelhanças com os templos edificados pelos arquitectos Lopes tanto no Minho como na Galiza. No conjunto conventual destaca-se, ainda, a Varanda dos Reis. Rasgada no exterior do templo, ao nível do último registo do pórtico, este balcão foi, também, edificado por Manuel do Couto, apresentando nas pilastras de suporte dos arcos as estátuas dos reis que patrocinaram a construção do convento dominicano de Amarante (D. João III, D. Sebastião, D. Henrique e D. Filipe I). In IPPAR - Catarina Oliveira.

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