terça-feira, 14 de julho de 2015

GOVERNO POLÍTICO - III

5 . 4 - Governo Político - III

A Câmara Municipal do Porto actual



Projecto do Engº Pezarat para a Avenida dos Aliados – 1889 -  a CMP estaria colocada na zona poente (a vermelho), juntamente com o Governo Civil e outros organismos do Estado. Ao cimo da Avenida dos Aliados ficaria a ver-se a Igreja da Trindade e haveria o projecto para a continuar até à Circunvalação. Que fabuloso seria se tivesse sido concretizado!


Engº. Barry Parker ( 1867- 1947)


MAQUETA DE BARRY PARKER PARA AVENIDA DA CIDADE - 1915 

 Em primeiro plano, à esquerda, a igreja da Trindade; à sua frente o edifício baixo proposto para a câmara municipal e a avenida; ao fundo, o palácio das Cardosas.
Colocando-o no topo da avenida - no exacto local onde acabaria por ser construído - o novo edifício dos Paços do Concelho de Barry Parker tentava, simultaneamente, dominar toda a composição e respeitar a igreja da Trindade. Para tal, Parker propunha um edifício baixo, de apenas dois pisos e um mezanino. A torre da Trindade surgiria por detrás, dando a ilusão de pertencer ao próprio edifício da câmara a quem subisse a avenida. Tal como em todas as edificações que projectou para o Porto, Parker usou na nova câmara uma linguagem de linhas simples, inspirada no neoclássico portuense, aliás de origem inglesa. 
A avenida é definida pelos traçados que se abrem a partir da praça da Liberdade até à praça do Município, conferindo-lhe uma forma triangular. Pretendia-se criar uma zona comercial e de passeio, pelo que o edificado que acompanhava a avenida seria composto por corpos alternadamente avançados e recuados. Em toda a extensão, uma arcada daria acesso a estabelecimentos comerciais. Na placa central, duas pergulas, sombreadas pela vegetação, constituíam a hipótese de passeio.
Embora aprovado, o projeto de Barry Parker foi profundamente alterado aquando da construção da avenida, em particular a arquitectura das edificações. No entanto, permaneceram ideias mestras, tais como: a localização do edifício dos paços do Concelho e o traçado das ruas que o ladeiam; o eixo central unindo a estátua de D. Pedro com o centro da fachada da nova câmara; a avenida em "forma de bacalhau"; a identificação das praças da Liberdade e do Município; entre outras.
Aquilo em que o projeto de Barry Parker foi totalmente desvirtuado foi na arquitetura dos edifícios e na imagem global da avenida. O proposto por Parker para os edifícios ficava aquém das expectativas da administração e dos mais conceituados técnicos da câmara, todos de formação francesa e beaux-arts. Por isso, acabou por desaparecer a coerência do desenho de conjunto de toda a edificação, os pátios e as arcadas, alterando radicalmente a ideia de Parker e transformando o que seria um centro de comércio e de lazer, local central da animação e da vida da cidade, num mero local de passagem”. In blogue " Do Porto e não só..." 
A Câmara Municipal do Porto teve, inicialmente um projecto completamente diferente ao que foi executado. Da Avenida dos Aliados podia ver-se a torre da Igreja da Trindade emergindo do centro da câmara. Porém, a política do tempo, anti-clerical, decidiu tapa-la.


Projecto de 1915 - como se vê, a Igreja da Trindade ficaria visível por cima da Câmara.


Abertura da Avenida dos Aliados - 1919


A primeira pedra do edifício da C. M. Porto foi lançada em 1920 – início da construção


1930 - Já era bem bonita esta primeira decoração da Avenida


À esquerda a Rua do Almada, a Avenida só parcialmente construída, bem como a Câmara, a Igreja da Trindade, a Rua de Gonçalo Cristóvão e o início da Rua da Camões.

1932


Oito anos depois muito mais avançada - à esquerda Jornal de Notícias, Caixa Geral de Depósitos e Montepio Geral - 1940




Motociclistas frente à escadaria da CMP ainda em obras – 1948

A CMP foi prevista para ter uma inestética escadaria, que foi substituída por duas rampas. Ainda antes de inaugurada lemos em O Primeiro de Janeiro a seguinte crítica, de autor de que nos não recordámos:

Quatro mil pedras me dizem que tenho
Que pedraria!
Passam anos sobre anos
De pronta não chega o dia.
Atravanco larga via,
Que seguida era mais bela.
Só a minha escadaria,
Palavra, não gosto dela.

Nestes versos o autor pretendeu criticar a demora na construção da Câmara e apoiar a grande polémica à volta de tão grande edifício que impedia a continuação de uma grande avenida que iria até, pasme-se, à Circunvalação, como muitos defendiam. Passaria pelos lados da Igreja da Trindade, sem a destruir. 



À esquerda o edifício A Nacional – à direita, onde diz Bilhares, o café Imperial e o Bank of London and South America - 1960


Avenida dos Aliados – estátua "A Juventude", dita a menina nua, do escultor Henrique Moreira - à esquerda Banco Aliança, depois Banco Totta e Açores


«Em agosto de 1940 o Porto sofreu uma extraordinária vaga de calor e Cruz Caldas, agora trabalhando para "O Primeiro de Janeiro", publica um desenho alusivo centrado na Menina Nua. Repare-se nos pormenores do desenho como a proteção contra o calor da Menina Nua (sombrinha e o bombeiro que lança um jato de água nas suas costas); os candeeiros que se derretem; e todo um conjunto de personagens fazendo da avenida uma esplanada de uma piscina.» In Porto Desaparecido


Inaugurada em 24/6/1957 - Esta foto, recolhida em O Tripeiro, parece-nos ter a legenda errada. Informa-nos ser do ano da inauguração, e o acesso é feito por 2 rampas. Porém, estamos convencidos que nesta data teria ainda a escadaria, que posteriormente seria substituída por rampas.


 “O projecto para a construção do actual edifício da Câmara Municipal do Porto, integrado no plano de expansão do centro cívico da cidade elaborado pelo arquitecto inglês Barry Parker, foi aprovado em Reunião de Câmara a 1 de Fevereiro de 1916. O referido plano conferiu ao centro da cidade a actual configuração, ligando a Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados e a Praça General Humberto Delgado. O edifício dos Paços do Concelho, projectado pelo Arq. Correia da Silva, começa então a ser construído em 1920. No entanto, e após inúmeras interrupções e alterações ao projecto inicial, introduzidas pelo Arq. Carlos Ramos, as obras só são retomadas em 1947, ficando concluídas 8 anos depois. Finalmente, em 1957, os serviços camarário são instalados no edifício. O edifício da Câmara Municipal do Porto é constituído por seis pisos, uma cave e dois pátios interiores. Para atingir o topo da torre central, a 70 metros de altura e da qual faz parte um relógio de carrilhão, é necessária uma escalada de 180 degraus". texto e seis fotos abaixo recolhidas no  site da C.M.P. 



"Átrio ou Passos Perdidos do rés-do-chão - Situado no piso térreo do edifício, neste local podem ser apreciadas as pinturas do tecto em estilo romântico, de onde se destaca o Brasão da Câmara Municipal do Porto, acompanhado da Nossa Senhora da Vandoma, Santa Padroeira da Cidade".



Salão Nobre - É neste espaço que se realizam as cerimónias oficiais de recepção ou homenagem a individualidades. Aqui destaca-se um centro de mesa, peça principal de uma baixela em bronze dourado da segunda metade do séc. XIX, constituída por 43 peças (floreiras, candelabros e fruteiras), adquirida pela autarquia portuense aos herdeiros de António Bernardo Ferreira, proprietário da companhia de vinhos “Ferreirinha”.
Entre outras peças e pinturas, decoram o Salão duas figuras em mármore de Carrara, a “Honra” e a “Concórdia”, da autoria de Gustavo Bastos.



Foto de Castelo Vila

"Sala D. Maria II - Neste salão sumptuosamente decorado, onde se distingue a pintura a óleo em tamanho natural de D. Maria, podem ainda ser apreciadas interessantes peças de arte decorativa. Na majestosa sala encontram-se um relógio e duas ânforas em porcelana rosa de Sévres do séc XIX, duas cómodas italianas do séc. XVIII com incrustações em marfim, dois jarrões japoneses do séc. XIX, uma mesa gigante em mogno, cujo o único suporte é um pé central que termina em garras de leão, dois tremós estilo império e dois lustres em cristal de Veneza".


"Sala das Sessões - Esta sala, onde se realizam as reuniões de Executivo e as Assembleias Municipais, está decorado com três enormes tapeçarias de Guilherme Camarinha. A maior das três, denominada de “Hino em Louvor, Honra e Glória da Cidade do Porto”, evoca os acontecimentos mais marcantes da história da Invicta, entre os quais o Cerco do Porto. As outras duas, mais pequenas, denominadas “A Faina do Douro” e “S. João”, evocam, respectivamente, a ligação da cidade ao comércio do Vinho do Porto e a festa mais característica da cidade.”

Porto . ponto




Antes da construção do Palácio dos Correios; em primeiro plano o local onde seria construído – estupenda vista desde o Douro e Gaia ao centro do Porto


Local onde foi construído o Palácio dos Correios, a Nascente da C. M. Porto


Durante a construção do palácio dos correios



“Do lado esquerdo dos Paços do Concelho, um edifício de linhas modernas marca uma rutura na unidade estética da avenida. Esse edifício, o Palácio dos Correios, datado de 1952, é um projeto de Carlos Ramos (1897-1969), que viria a exercer uma grande influência no ensino da Arquitetura na Escola de Belas Artes do Porto”. In Visiporto



Nesta belíssima foto, além da C. M. Porto, veem-se a Estação de S. Bento e Praça Almeida Garrett, Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados, Igreja dos Congregados e Rua de Sá da Bandeira, o Palácio Atlântico e o Mercado do Bolhão. 

Espectáculo de luz e som sobre a fachada da CMP 

Subida aos topos do Farol de Leça e da C. M. do Porto 

3 comentários:

  1. Muito obrigado.
    Ficamos muito contentes por pode difundir as maravilhas da nossa cidade.
    Maria José e Rui

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  2. Excelentes artigos sobre a história do Porto. Morei na rua do Bonjardim, nos anos 50, nas traseiras do terreno onde viria a ser construído o Palácio dos CTT. Numa foto da Avenida dos Aliados de 1960, o edifício ainda não existia, contudo na foto do edifício dos CTT é indicada a data de 1952. Será data do projecto? Parabéns.

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