domingo, 22 de maio de 2016

FAZENDAS QUE VÊEM DO ALTO DOURO - I

6.9.1 – Fazendas que vêm do Alto Douro


Castro de Cidadelhe – Mesão Frio

“Muito antes de qualquer presidente, rei ou imperador, o Douro era uma terra sem governo, habitada por povos primitivos, que foram os primeiros a deixar os seus vestígios na região. As pinturas rupestres do Vale do Côa inserem-se no período Paleolítico superior, há cerca de 20 mil anos. A presença da uva na região remonta há 4 mil anos (século XX a.C.), tendo sido encontradas grainhas carbonizadas, em estações arqueológicas da região. Muitos dos castros existentes na região, como o Castro de Cidadelhe, em Mesão Frio, datam dessa época.
Com a chegada dos romanos, no século I d.C., a agricultura intensificou-se na região, algo possibilitado pela rede de estradas e pelas numerosas pontes que o Império construiu. A uva começou a adquirir uma elevada importância, existindo vilas agrárias dedicadas exclusivamente à produção de vinho, algo que patente na estação arqueológica do Alto da Fonte do Milho, no Peso da Régua.
A partir do século V as terras durienses foram ocupadas por suevos e visigodos, que acabaram por se unir e cristianizar. Seguiram-se os muçulmanos, depois do século VIII. Após a implantação do reino português, a 5 de outubro de 1143, pelo Tratado de Zamora, iniciou-se a construção da Sé de Lamego, sob a proteção de D. Afonso Henriques (1109-1185), o primeiro rei português, responsável pela independência deste país.
Durante a Baixa Idade Média, nos séculos XII e XIII, a Ordem de Cister instala-se na região, construindo mosteiros como o de São Pedro das Águias, em Tabuaço, que contribuiu para o desenvolvimento agrícola da região, criando diversas granjas nas encostas do Douro.
Com a prosperidade comercial e económica da região, instalada desde o século XIII, a produção do vinho continuou a desenvolver-se, graças ao seu transporte para o Porto, através do rio Douro, com um leito alargado, depois da demolição dos canais de pesca, a mando do rei D. Manuel I (1469-1521) . Das descobertas marítimas (séculos XV e XVI), resultou um aumento da circulação no rio, uma vez que as viagens requeriam grandes quantidades de vinhos fortes para saciar os marinheiros…


…Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), mais conhecido por Marquês de Pombal, viria a mudar a situação económica da região, ao criar a primeira região vitícola regulamentada do mundo, demarcando o Douro Vinhateiro (1757-1761), através da colocação de grandes marcos de granito, no terreno, com a palavra “Feitoria”. O Secretário de Estado do Reino criou a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (CGAVAD) em 1756, vindo a obter a exclusividade na venda do vinho do Porto”. Dourovalley.eu



Dois dos 335 marcos pombalinos que delimitava a região demarcado do Douro, no baixo Corgo. A descoberta e preservação destes marcos foi crucial para a classificação desta região como Património da Humanidade pela UNESCO – tem a data de 1758.

A. R. C.

Rio Douro – Mapa do seu percurso com muitas quintas – aguarela de David Eley – este mapa torna-se extremamente rico se for aumentado e visitadas as quintas e personalidades que ele apresenta.



Mapas da região demarcada do Douro


A qualidade do vinho do Douro varia consoante várias circunstâncias; o tipo do terreno e a temperatura. 

Porto: um vinho com história - IVDP 

Chula de Barqueiros 
https://www.youtube.com/watch?v=zv0iqQChETw


Alfaias tradicionais do Douro


Entre 1852 e 1854 chegou ao Douro a terrível doença do oídio, a que já nos referimos no nosso lançamento de 18/9/2015. 
O Barão de Forrester escreveu, em 13/9/1854, ao Jornal O Comércio uma carta sobre esta praga, que vamos transcrever, retirado do estudo de Norman R. Bennett:





Baga de sabugueiro


Uma viagem ao Douro na companhia do Barão de Forrester - extraordinário documento que refere passagens das 12 cartas do Barão de Forrester, que já referimos  quando tratámos desde Rio Douro I (31/8/2015) até Rio Douro XII (10/10/2015)

2 comentários:

  1. A "Viagem ao Douro" que o Barão de Forrester viu publicada no "O Commercio" (embrião do "O Commercio do Porto") e que tive a felicidade de encontrar naquele jornal, não é o único escrito que ali aparece daquela personalidade. A sua colaboração com aquele jornal estendeu-se por uma série de artigos os quais não transcrevi, mais relacionados com a produção do vinho, preocupações com o seu futuro, etc.
    São excelentes como documento histórico para um apaixonado pelo estudo do assunto, por isso fica aqui lançado o desafio para os ir beber à fonte, a quem um dia quiser fazer a biografia deste homem.

    Cumprimentos,
    Nuno Cruz
    (A Porta Nobre)

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  2. Muito obrigado pelo seu comentário e pelo desafio. Neste blogue, hoje por exemplo, temos publicado alguns escritos deste grande "Duriense". Porém tem toda a razão em incentivar a visita aos originais.
    <cumprimentos
    Maria José e Rui

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