sábado, 30 de julho de 2016

ARTES E OFÍCIOS - III

6.24.3 - Artes e Ofícios


Bomba de incêndios braçal – séc. XIX

Em 1722 foi inaugurada a Companhia de Incêndios ou Companhia da Bomba. Em acórdão de 17/10/1722 determina-se a eleição de 100 homens para acudirem aos incêndios, que tinham a regalia da isenção do serviço militar. A partir de 1856 começaram a receber soldo.




Caixa de toque de incêndio no Campo Pequeno - Fotos Manuel José Cunha

Em O Tripeiro Série V, Ano V, encontra-se a lista dos toque de sinos indicativo dos locais onde deflagravam incêndios. Ainda se encontram destas caixas em S. Lázaro, S. Lourenço, S. Nicolau e Victoria. Foi em 1853 que a Câmara mandou colocar caixas em ferro fundido, com indicação na porta, dos locais e correspondente número de badaladas que indicavam o local de um incêndio. Assim era fácil aos bombeiros e populares saberem onde tinha deflagrado o incêndio. 
Nos anos 60 do séc. XX ainda existiam 6 caixas de toque a incêndio e que estavam nos seguintes locais: Igreja de Nossa Senhora da Esperança em S. Lázaro, Igreja de S. Lourenço, Igreja de S. Nicolau, Igreja de Victoria, Lago da Maternidade e Quartel dos Sapadores Bombeiros.



Em 1875 foi criada a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Porto, no Pátio do Paraíso da Rua do Bonjardim, depois destruída aquando da abertura da Praça de D. João I. Um dos fundadores foi Guilherme Gomes Fernandes, que pela sua qualidade técnica foi nomeado, em 25/8/1875, Inspector Geral e chefe do Corpo de Salvação Pública.



Corpo de Salvação Pública - 1900


Bombeiros do Porto – 1900 – photo Guedes

S. Marçal é o advogado dos bombeiros. Marçal era o menino de que Jesus se aproximou quando disse aos Apóstolos “se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus”. Era ele também o menino que tinha os cinco pães e dois peixes quando do milagre da Multiplicação dos Pães. 
Dado ser primo de S. Pedro, acompanhou-o a Roma. S. Pedro deu-lhe ordem de seguir para França pregar o Evangelho, tendo-lhe dado o seu próprio cajado. Aí fez imensos milagres e conversões. Certo dia, vendo um grande incêndio que destruía muitas casas, tocou as chamas com o cajado e este apagou-se. 
A sua festa realiza-se em 30 de Junho.



Bomba de incêndio no pátio do paraíso – 1900. 
Este quartel ficava no local onde hoje se encontra o Teatro Rivoli.


Apagando o fogo numa ilha do Porto – foto – Aurélio Paz dos Reis – 1900


Bombeiros Municipais - 1910


Foto Beleza - 1911


Auto-tanque Kelly


Quartel dos bombeiros em Gonçalo Cristóvão – 1911


Projecto do quartel dos BVP


“Nasceu na Baía a 6 de Fevereiro de 1850. Aos 3 anos de idade veio viver para a cidade do Porto e aos 13 partiu para Inglaterra, com o intuito de frequentar os estudos liceais. Com 19 anos, este jovem abastado e culto fixou residência no Porto. Entusiasta do desporto, acumulou diversas vitórias na disciplina de Ginástica. Anos mais tarde, ajudou a fundar a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários (1874-75) e do Corpo de Salvação Pública e foi nomeado Comandante do Corpo de Bombeiros em 1877 e Inspector de Incêndios do Porto em 1885. De seguida, transferiu-se para a Companhia de Incêndios (designada Corpo de Salvação Pública a partir de 1889 e Batalhão de Sapadores Bombeiros de 1946 em diante), assumindo o cargo de comandante. Guilherme Gomes Fernandes notabilizou-se, entre outras acções, no combate ao trágico incêndio do Teatro Baquet, ocorrido em 1888 e no Concurso Internacional de Bombeiros de 1900, realizado em Vincennes, onde, sob a sua direcção, os bombeiros do Porto alcançaram o 1.º prémio. Desenvolveu, igualmente, actividade empresarial na área do material de combate aos incêndios, mas também no âmbito do jornalismo, tendo criado e dirigido o jornal "O Bombeiro Voluntário", publicado entre 1877 e 1890. O seu contributo para o progresso dos bombeiros do Porto e do país valeu-lhe o tratamento de "Mestre", assim como condecorações nacionais e internacionais de prestígio. Guilherme Gomes Fernandes morreu em Lisboa, no Hospital de S. José, a 31 de Outubro de 1902.” In Universidade do Porto - Seu corpo foi trasladado para o Porto em 1950.


Publicidade ao concurso de Paris (Vincennes)


Notícia, no Blog do Bombeiro, sobre o primeiro prémio do Concurso em Paris, 1900


Homenagem a G. G. Fernandes – vê-se a chamada casa esqueleto em que os Bombeiros Voluntários faziam os seus treinos.


Inauguração do busto a Guilherme Gomes Fernandes, em 1/5/1915 – o nome da praça de Santa Teresa passou para o deste ilustre bombeiro.


Já cá está o busto


Busto de Guilherme Gomes Fernandes


Casa esqueleto dos B.S.B. na Rua de Gonçalo Cristóvão – ainda nos lembramos bem desta torre, perto da Rua de Santa Catarina.

Em tempo: 10/9/2016 - Do nosso atento leitor, Sr. Alberto Guimarães, acabamos de receber um preciosos comentário do seguinte teor:
Boa noite!
A fotografia com esta legenda: "Casa esqueleto dos B.S.B. na Rua de Gonçalo Cristóvão – ainda nos lembramos bem desta torre, perto da Rua de Santa Catarina." é da minha autoria, mas a referida legenda não corresponde à realidade.
A fotografia foi tirada em 1978, durante as comemorações dos 250 anos do Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto, no seu actual quartel central, na Rua da Constituição, muito longe da Rua de Santa Catarina.
O quartel da Rua de Gonçalo Cristóvão já foi desactivado e demolido há cerca de 60 anos, e situava-se na zona do "silo-auto" / capela de Fradelos.
Quanto ao quartel do Passeio Alegre foi ocupado pela secção de socorros a náufragos dos Bombeiros Voluntários Portuenses, corporação distinta dos Bombeiros Voluntários do Porto (estes muito mais antigos), que também tiveram a sua secção de socorros a náufragos também na margem do Douro, mas mais a montante.
Abraço tripeiro!
Alberto Guimarães
Adj. Comando Q. H. / B. V. de Braga.
Agradecemos-lhe muito a correcção, que só vem valorizar o nosso trabalho e repor a verdade. 

Já em 1/10/2016 recebemos outro valioso comentário deste nosso leitor e amigo ao qual juntou bastantes fotografias. Mais uma vez lhe agradecemos por ter melhorado o nosso trabalho com a sua experiência e conhecimentos:


"Boa tarde, amigo Rui Cunha!
Os Sapadores Bombeiros, ainda que com outra designação ("Municipais" ou "Corpo de Salvação Pública" tiveram outros quartéis.
Sei que inicialmente estiveram instalados nos baixos da antiga Câmara, na Praça de D. Pedro, e teriam vários postos avançados, designados simplesmente por "bombas", dispersos pela cidade.
Um desses postos situava-se na Rua de Diu, na Foz, e em 1964 ainda estava activo.
Presentemente, o único posto avançado localiza-se num antigo armazém da estação de S. Bento, para protecção da zona histórica da cidade.
Os camaradas deste posto avançado tiveram a amabilidade de me deixar fotografar as viaturas e o respectivo parque.
Abraço tripeiro!
Alberto Guimarães
Eis aqui algumas fotografias do B. S. B.:


Auto-maca dos BVP


O absurdo!


Esta construção, é resultante de várias alterações feitas através dos tempos, à inicial de 1828. Recordámo-nos bem desta, onde havia um posto dos Bombeiros Voluntários do Porto. 
Na parede do fundo da varanda, encontrava-se uma lápide com os seguintes dizeres: “Este edifício foi mandado edificar por sua Majestade Fidelíssima o Senhor D. Miguel I (decreto de 21 de Maio de 1828) para sede da “Real Casa de Asylo dos Naufragos” a primeira no género que se estabeleceu na Europa Continental”. Esta lápide foi colocada em 1950 pela CMP. 
“…O Real Instituto de Socorros a Náufragos foi criado por Carta de Lei de 21 de Abril de 1892, mantendo-se como presidente a sua fundadora Sua Majestade a Rainha Dona Amélia, até à implantação da República em 5 de Outubro de 1910, passando a designar-se por Instituto de Socorros a Náufragos (ISN).
O ISN começou como uma organização privada, sob a égide da Marinha de Guerra, formada por voluntários.
Por dificuldades de fundos e de pessoal para as suas embarcações salva-vidas passou o ISN a partir de 1 de Janeiro de 1958 a ser um organismo de Estado na dependência da Marinha.” In site do ISN.



Mais uma importante achega do nosso amigo Alberto Guimarães:

"Como sofro de uma "bombeirite crónica" aqui venho mais uma vez "tocar a sirene":
O Porto teve mais duas corporações de bombeiros voluntários: Os "Voluntários da Invicta", sobre os quais está algo aqui:


A esta corporação pertenceu o Comandante Ferreira da Silva, que depois transitou para os BV do Porto.
Segundo li há anos atrás, numa publicação da especialidade, na freguesia de Ramalde existiu uma corporação de bombeiros, que depois se extinguiu.
Quis o destino que, muitos anos depois, a freguesia de Ramalde voltasse a dispor de bombeiros: Os "Portuenses"!
Grande abraço tripeiro!
Alberto Guimarães ".

sexta-feira, 29 de julho de 2016

ARTES E OFÍCIOS - II

6.24.2 - Artes e Ofícios


Ama – a ama era habitualmente uma profissão mais bem paga que a de criada, pois tinha a seu cargo tratar, divertir e até ensinar as crianças das famílias ricas. Havia as amas-de-leite que alimentavam os bebés e que, não raro, ficavam muito ligadas às famílias e ao bebé no seu crescimento. Temos o exemplo de Almeida Garrett que descreve as suas amas com saudade. Quando estudava em Coimbra veio ao Porto, não se esquecendo de visitar a Quinta do Sardão onde Brígida e Rosa de Lima   ainda viviam.  Os meninos da Roda tinham amas-de-leite e os seus maridos estavam livres do serviço militar. 


Amola tesouras  e navalhas


Foto Alvão –  além do amola tesouras e navalhas vêem-se figuras muito próprias do Porto; uma mulher com saia comprida, um GNR, um homem com guarda sol, chapéus de palha e de abas largas e uma mulher com cesto à cabeça. Quando da abertura da Avenida Fernão de Magalhães. 



https://www.youtube.com/watch?v=DdMjCB6TS_k


Amola tesouras e navalhas – recordámo-nos muito bem destes artistas de mão e de boca. Traziam uma flauta de Pan que emitia uma pequena melodia leve e magnífica. Quando a ouvíamos corríamos para a rua. É uma lembrança absolutamente inesquecível! 





Ardinas do Porto – Dos 3 jornais diários só sobrevive o Jornal de Notícias.

Recordámo-nos bem desses atrevidos rapazes a saltar para os eléctricos e a atravessa-los em grande brincadeira. Era uma figura muito simpática e divertida.


O ardina – Praça da Liberdade – escultor Manuel Dias - 1990


Soneto de Carlos Gaspar – 4/10/1930


Vendendo jornais com notícias da Revolução do 25 de Abril de 1974 


Azeiteiro do Porto


Azeite, vinagre e petróleo


Azeiteiro na Rua Brito Capelo – Matosinhos


Azeiteiro e vinagreiro



Galheteiros antigos



Blogue Arte Livros e Velharias



Barqueiros na Régua


Rio Douro



Barqueiros de passagem


Fidalguinhos



Biscoiteiro - que saudades dos velhos biscoitos de Valongo! Nos anos quarenta e cinquenta, todas as semanas, passava à nossa porta uma velhinha com um burrinho carregando nos alforges sacas compridas com porções de meio quilo separadas por atilhos. (desenho 11). Estes vendedores corriam o Porto todo, chegando mesmo à Foz.

Em O Tripeiro, V série ANO VI, Manuel Pedro descreve este interessante costume:



Fábrica Paupério