terça-feira, 26 de julho de 2016

ARTES E OFÍCIOS - I

6.24.1 - Artes e Ofícios

Segue-se, nesta obra de A.R.C., uma exaustiva lista de profissões, mais de cem, das quais achámos interessante destacar as mais representativas e acrescentar outras mais modernas. Utilizámos os termos indicados por A. R. C.


Açafateiro


Adeleiros – ferros velhos - Foto Alvão


Foto Arnaldo Soares – Por amável comentário de A Porta Nobre  conclui-se que o local das fotos é o mesmo, mas que a primeira estará invertida. Ainda se pode ver, na debaixo à esquerda, parte do Convento das Carmelitas que está na perspectiva correcta. As fotos foram ambas tiradas da Rua das Carmelitas, para Norte.

Na parte nascente da cerca do Convento das Carmelitas existiu o mercado dos ferros velhos, depois Largo do Correio e hoje Rua de Cândido dos Reis. 
À direita está uma loja de venda de ferragens e calçado e à esquerda roupas dependuradas, tal como ainda hoje vemos nas nossas feiras. De notar os frondosos plátanos que, com a sua sombra protegiam vendedores e compradores.
Os “Ferros Velhos” foram desde meados do século XIX um pitoresco mercado do Porto, tipo feira da ladra, onde se vendiam toda a espécie de artigos novos e usados. 

Firmino Pereira, em “O Porto d’Outros Tempos” (1914) escreve o seguinte: “ Essa feira permanente de farrapos e cacos era ao mesmo tempo divertida e repugnante. O Porto varria para ali o lixo caseiro, que a miséria ia depois procurar, como um cão vadio procura um osso entre a imundície... Nas barracas encostadas ao muro e nas bancas colocadas no largo, expunha-se à venda tudo quanto a mais caprichosa fantasia pudesse inventar e apetecer: roupas de homem e de mulher, livros, fechaduras, tachos, calçado, bacias, grades, colchões, espelhos, tapetes, cortinas, pregos, ferros de brunir, lavatórios, cadeiras, armários, louças, chapéus, espadins, candeias, tabuleiros, vidraças, portas, caixas, baús, mesas, pistolas, bacamartes, vestuários completos do século XVIII, chapéus armados, retratos, paisagens, sobre casacas e capotes do tempo da revolução de 20 e dos patriotas da Junta… Toda esta farrapada e todos estes cacos se alastravam pelo chão, pelas mesas ou dependurados nas barracas. Esse bazar permanente que abastecia a população miserável era também o “prego” dos infelizes que, para acudir a uma necessidade mais urgente, iam ali empenhar ou vender o que, de momento, podiam mais facilmente dispensar”.
Já desde há muitos anos a câmara pretendia acabar com esta feira, mas, talvez por razões políticas, só em de Abril de 1894 foi declarada a sua extinção. Porém, foi preciso esperar por 1904 para serem demolidas as últimas barracas porque alguns mercadores não queriam abandonar o seu espaço.


Afinador de cravos e pianos


Os aguadeiros do Porto eram, na maioria, galegos.


Galegos junto à fonte


Aguadeiros – habitualmente os aguadeiros do Porto eram galegos, pois era uma profissão muito pesada. Além das esperas nas fontes o transporte levava-os aos andares superiores dos prédios onde se encontrava a cozinha.


Aguadeiros na Fonte das Congostas

Construída no séc. XVII, foi demolida em 1882 quando foi aberta a R. Mouzinho da Silveira. Era encimada pelo escudo real de D. João II entre 1481/1495. “O alçado constava de um corpo central com uma forte cimalha apoiada em colunas com capiteis de inspiração coríntia, sobrepujado por um frontão de remate circular onde se encostavam, na frente e aos lados, três golfinhos de bocas hiantes; lateralmente pequenos corpos com tímpanos curvos de ligação, limitados por pilastras.” In O Tripeiro, Série VI, Ano VII. Repare-se na quantidade de aguadeiros e canecos esperando sua vez


Fotografia de A. W. Cluter, 1922 - Fonte do Mercado Ferreira Borges; no seu local foi há muito substituída por uma subestação de electricidade nos baixos do mesmo.


Aguadeiros enchendo canecos – Praça do Pão ou de Santa Teresa, hoje de Guilherme Gomes Fernandes.


Os galegos também se encarregavam de fazer recados, transportar pequenos ou grandes volumes etc. Aqui vemo-los a transportar móveis. Habitualmente os contractos de arrendamento eram feitos de S. Miguel a S. Miguel isto é, do dia 29/9 ao ano seguinte. Assim, nesta ocasião do ano, tinham muito trabalho a mudar os móveis e acessórios das residências. Era o chamado “S. Miguel dos galegos”.  



Alambiques


Albardeiro


Alfarrabista – no Porto houve muitos e bons alfarrabistas; ainda hoje há alguns. É dos locais mais agradáveis de passar uma boas horas…


Publicidade da Moreira da Costa em O Tripeiro, Volume 1, de 10/7/1908. Era visitada pelos mais conhecidos professores da Universidade do Porto. 


Moreira da Costa Filha – numa Feira do Livro - José Moreira da Costa faleceu em 1927 tendo-lhe sucedido sua filha Elisa Duarte da Costa Ferreira Dias. Desde a primeira Feira do Livro de 1931, e durante bastantes anos, esteve presente aí.


Almocreves de Valongo – encarregavam-se do transporte mercadorias por conta de clientes que o pagavam. Normalmente não eram os seus donos, que eram os mercadores, mas havia excepções.
Até muito tarde do séc. XX manteve-se esta profissão a que se chamava recoveiro. Havia-os para as principais terras do Norte. Partiam à noite e regressavam de manhã. Usavam o comboio.


Almocreves tratando de um cavalo

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