segunda-feira, 7 de novembro de 2016

TRANSPORTES DE PASSAGEIROS VI - MALA-POSTA

6.26.3.2 – Transportes de passageiros VI - Mala-Posta



Devido às deficientes estradas entre Lisboa e Porto, a mala-posta só tem início em 1798 até Coimbra. Chega ao Alto da Bandeira, Gaia, em 1859. Percorria os 300 km. em 34 horas, à média de 8,8 Km. à hora. Parava em 23 estações de muda de cavalos e, só em poucas, os passageiros descansavam e se alimentavam. Nas restantes a muda demorava 10 minutos. Desde o Alto de Bandeira ao Porto os passageiros desciam a pé, carregando as suas bagagens. Só em 1861 a mala-posta chegou à ponte pênsil. Em 1864, com a chegada do comboio ao Porto, a mala-posta Lisboa-Porto terminou.



Mala-posta de Lisboa – Porto – 1798-1864 – gravura de José Pedro Roque

"Segundo Elsa Pacheco, no início do século XIX, de acordo com o plano desenvolvido por Mascarenhas Neto, «os eixos centrados em Lisboa [tinham] por destino, além da Aldeia Galega (na saída para Espanha), Valença, Faro e Chaves (passando por Viseu), e do Porto [irradiavam] vias para Caminha, Chaves e Bragança» Segundo a mesma autora, «a ligação entre o Porto e Caminha [fazia-se] por Vila do Conde, Barcelos e Ponte de Lima; entre o Porto e Chaves, por Guimarães e Barroso e, entre o Porto e Bragança, por Penafiel, Amarante, Vila Real e Mirandela». In Clube de História de Valpaços.


Mala-Posta Porto/Lisboa – 1855-1864


Entrada de passageiros na mala-posta de Lisboa ao Porto - A viagem de Lisboa ao Porto fazia-se em 34 horas incluindo as refeições que os passageiros tomavam pelo caminho. Ceia nas Caldas de Raínha, almoço em Leiria, jantar (almoço) em Coimbra e ceia em Oliveira de Azeméis. O preço era de 45 reis por quilómetro em 1ª. classe e 30 reis em 2ª. classe


Estação de muda da mala-posta de Casal de Carreiros – Caldas da Raínha


Horário


Preços de passageiros e carga na mala-posta do Porto ao Carregado Inicialmente os passageiros iam de barco do Carregado a Lisboa e, a partir de 1864 passaram a ir de comboio.
Atendendo a que a Libra Ouro valia 4500 reis conclui-se que estes transportes eram caríssimos.


“Uma coisa digna de estudar é o aspecto das diligências que circulam sobre estas estradas.
Dois pequenos garranos puxam por cima do macadame faiscante ao sol as mais fantásticas carradas de gente e de objectos que a imaginação possa conhecer. Dentro do veículo senta-se a primeira camada de passageiros nas bancadas. Depois de todos os lugares ocupados mete-se-lhe a segunda camada de passageiros, colocada exactamente em cima da primeira. Feita esta operação começa o interior do carro achar-se quase cheio, mas entre o tecto, os joelhos e os bustos dos passageiros da segunda camada nota-se ainda um espaço. Preenchido este espaço com um passageiro estendido ao comprido, passa-se a ocupar o tejadilho.
Do lado de fora, os passageiros são ensanduichados com as bagagens e com as mercadorias: camada de mercadorias, primeira camada de passageiros, primeira camada de bagagens, segunda camada de passageiros, segunda camada de bagagens; e de tudo isto, o penso para os garranos, os merendeiros e os varapaus dos passageiros e, no ar, o cocheiro levado a braços pelos viajantes”. In As Farpas – Ramalho Ortigão
Cada passageiro podia levar, gratuitamente, até 7 quilos e bagagem. 


Edifício da Estação de Mala-Posta de Ponte da Pedra

No dia 4 de Maio de 1853 começou a mala-posta entre Porto e Braga. Saía às seis horas da manhã de R. de Entreparedes e chegava a Braga cerca do meio-dia. Cada passageiro pagava 1440 ou 1200 reis consoante o lugar que ocupava. Tinha 3 mudas durante o percurso. De Braga saía às 3 horas da tarde, chegando ao Porto às 9 horas da noite. Uma pessoa poderia sair do Porto de manhã, almoçar em Braga e regressar no mesmo dia.
A mala-posta para o Minho estava entregue à Companhia Portuense, com estação na R. de S. Lázaro, e custava para Braga 1600 reis, Famalicão 1200 reis, Guimarães 1600 reis por pessoa. As diligências da carreira da Régua saíam da R. Formosa e custavam até Valongo 500 reis, Baltar 800 reis, Paredes 1000 reis, Penafiel 1200 reis, Amarante 2250 reis e Régua 4500 reis; o preço de uma Libra de Ouro.


Bilhete de mala-posta vendido ao conhecido comerciante portuense Clemente Meneres em Maio de 1874 para 2 lugares de Bateiras (S. João da Pesqueira) ao Porto - Custou 5.600 reis –In O Tripeiro Série VI, Ano II.


 Alguns alugadores de trens do Porto: o Galiza, da R. do Laranjal,  o Raimundo na R. Formosa, onde depois esteve a Lã Maria, o Albano na R. D. Pedro e a Companhia de Viação em S. Lázaro.


Carta de carroceiro de 2 ou mais animais - 1911


No Largo dos Ferradores, hoje Praça de Carlos Alberto, estacionavam trens de aluguer que só desapareceram quando foram substituídos pelos automóveis. À direita vê-se um americano. 
Até 1928 a circulação rodoviária fazia-se pela esquerda.


Coche na Praça de Touros da Rua da Alegria – transportaria uma pessoa importante, possivelmente, o toureiro.

2 comentários:

  1. Boa noite, amigo Rui Cunha!
    Nas touradas "à antiga portuguesa" o coche transportava os cavaleiros até ao centro da arena, onde se apeavam para as "cortesias". Depois recolhiam no mesmo coche e saíam depois, mas já montados nos seus cavalos de lida, para novas "cortesias".

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  2. Muito obrigado pela sua explicação que enriquece o nosso trabalho.
    Um abraço
    Maria José e Rui Cunha

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