quinta-feira, 30 de março de 2017

ALFÂNDEGA NOVA

6.28 - Descreve-se a Alfândega Nova


Convento de S. Domingos

O historiador Dr. Artur de Magalhães Basto, na sua História da Cidade do Porto, escreve, sobre a futura Alfândega Nova o seguinte: “ Logo em 1822, é reconhecida como necessária, quanto urgente, a construção de uma nova alfândega: a antiga – o velho “almazém” real – tendo anexado, muito embora, dependências de outros edifícios situados nas imediações, não dispunha já de suficientes acomodações para receber, por exemplo, a carga de 36 navios, de lotação de 500 caixas de açúcar cada um, ou de fazendas diversas. Onde edifica-la? 


O lugar mais apropriado, acentuava-se no estudo dedicado à solução do problema, seria o mesmo da velha alfândega. Para tanto se necessitava, porém, “ da corrente de casas, desde a esquina da portagem à esquina dos Vanzeleres, na Rua Nova dos Ingleses e tudo em linha recta ao rio… Reconhecia-se, entretanto, que esta solução, obrigando a uma despesa que devia montar a 800 contos de reis, implicava também a demolição de alguns dos melhores e mais nobres edifícios da cidade. Sugeria o autor do plano, em consequência, que fosse estudada a possibilidade de reservar, para a desejada, ou o Convento de S. Domingos ou o de S. Francisco um e outro com as cercas respectivas…” A verdade é que, esta obra, era de tal forma destruidora e onerosa que o projecto não foi para diante.


O areal de Miragaia foi durante centenas de anos um local de construção naval – esta foto é muito rica em monumentos e construções importantes: Hospital de Santo António, Igreja de Nª. Sª. da Graça, Torre dos Clérigos. Torres da Igreja do Convento de S. Bento da Victoria, Largo das Virtudes, Igreja de S. Pedro de Miragaia, Igreja da Victoria, Igreja dos Congregados, Igreja e Convento de S. João Novo, Sé Catedral.


Miragaia antes da construção da Alfândega Nova – a Igreja de S. Pedro estava em muito mau estado.


Construção dos alicerces da Alfândega Nova

O edifício foi mandado edificar em 25 de Setembro de 1859, na praia de Miragaia, segundo projecto do arquitecto francês Jean F. G. Colson, tendo o seu primeiro núcleo sido inaugurado em 1869 e terminada a construção dez anos mais tarde. A sua edificação implicou a construção da enorme plataforma do cais onde assenta a Alfândega e que substituiu a antiga praia de Miragaia. Esta plataforma está assente em toros de madeira, ao alto, mergulhados nas águas do rio.
Em 5 de Setembro de 1897 um incêndio atingiu as secções de contabilidade e secretaria que, 3 dias depois, começou a ser restaurada. O conceito do edifício compreendia não apenas as infraestruturas para a entrada e saída de mercadorias, mas também diversas estruturas de apoio tais como armazéns, vias-férreas, plataformas giratórias que facilitassem o movimento dos vagões e guindastes. Ainda hoje é o maior edifício da cidade, ocupando um total de 36.000 metros quadrados.


Em construção – depois de 1865 pois já se vê o Palácio de Cristal


Vista de Gaia - postal de 1900


Início da abertura da Rua da Nova Alfândega, ainda na fase da demolição de casas.

A construção da Alfândega Nova exigiu a abertura de uma rua que a ligasse à actual Rua do Infante D. Henrique. Para tal foram expropriados e destruídos muitos prédios. Ainda se vê, pegada à Igreja de S. Francisco, a Capela de Santo Elói, que pertenceu à Confraria dos Ourives do Ouro, que foi desmontada e, em 1884, reconstruída na Rua de Gondarém, na Foz do Douro (ver Capelas do Porto). Na foto ainda existem restos da Porta Nobre, do Postigo dos Banhos e parte da Rua de Cima do Muro. Uma parte destas ruínas estão sob o actual estacionamento a montante da Alfândega. Chama-se Rua Nova da Alfândega porém, vários estudiosos do Porto dizem que se teria chamado, inicial e logicamente, Rua da Alfândega Nova, em contraste com a Rua da Alfândega que, subindo do rio, servia a Alfândega Velha. Assim sendo teriam, estes doutos personagens, toda a razão pois esta não se passou a chamar rua velha da alfândega. Aliás há pelo menos uma escritura de 1875, onde interfere a C. M. P., com a informação de Rua da Alfândega Nova, como se pode ler num artigo em O Tripeiro, série V, ANO XIII, escrito por António Sardinha a páginas 63. 
“A nova alfândega construída na praia de Miragaya, reclamava uma communicação fácil e condigna da grandiosidade do edifício; houve differentes alvitres, pensando-se em communica-la pela parte baixa da cidade, posta já em contacto fácil pela rua de S. João ou de Ferreira Borges; e também se pensou em abrir uma nova rua por detraz de Monchique a entroncar na Restauração (calçada de Monchique, rua de Sobre-o-Douro). Prevaleceu porém o primeiro alvitre, adoptando-se o projecto, em verdade arrojado, e que se levou já a seu termo. A nova rua, parte da dos inglezes, e fazendo uma curva defronte do antigo convento de S. Francisco, corre depois um alinhamento parallelo á alfândega, entroncando com a rua marginal de Miragaya. A construcção foi feita a expensas do municipio, que já gastou com ella 318:519$573 réis, a maior parte absorvidos em expropriações (Abril de 1875). Com a abertura da nova rua desappareceu o bairro dos Banhos, um dos mais immundos da cidade; a Porta Nobre, o postigo dos Banhos, a maior parte da rua de Cima do Muro e uma parte da Reboleira. A rua está ao abrigo das cheias e absorveu enorme volume de terras, pela maior parte extrahidas do corte feito para o alargamento da rua de Ferreira Borges. A porção construída pela camara é desde a rua dos Inglezes até um pouco adiante da antiga Porta Nobre. Não está empedrada ainda, havendo, porém, já em depósito grande porção de parallelipípedos (pedra de esteio, de Canellas). Na parte direita da rua estão-se construindo já novos prédios, subordinados na fachada a um typo apresentado pela câmara.” Pinho Leal (1816-1884) — Portugal Antigo e Moderno,«Miragaia».1873/1890.


Foto de Emílio Biel de 1890


Em fim de construção -1914 - a Rua da Alfândega Nova, como inicialmente se chamou e bem, já está aberta 
Fotos do Porto em 1914 

“Mapa oficial impresso” enviado pelo Dr. Pedro Augusto Ferreira, Abade de Miragaia, a Pinho Leal e inserido no volume 7 do Portugal Antigo e Moderno:


Fotos do Porto em 1914


Tal como hoje acontece com os camiões e os táxis, também à porta estavam carros de bois esperando transporte. Estes foram proibidos circular na cidade em 1949.



Cais e Rua Nova da Alfândega - 1940

Como consequência da construção da Alfândega Nova e do seu cais os navios mais importantes passam a aportar em frente desta e as mercadorias a serem guardadas nos seus armazéns.



Movimento perto da Alfândega Nova - 1900




Projecto da Marina da Alfândega Nova - In A Baixa do Porto - 2005

“O projecto da Refer/Invesfer para a criação de umas docas à moda do Porto, junto ao Edifício da Alfândega, pode avançar. A autarquia portuense ainda não emitiu o alvará de licenciamento, mas o vereador do Urbanismo, Paulo Morais, garantiu a O PRIMEIRO DE JANEIRO que o despacho “está para breve”. “A nossa apreciação será favorável. Vemos com muito bons olhos a ideia de reconversão e requalificação da Alfândega”, assumiu. 
Num investimento que rondará os cinco ou seis milhões de euros, o projecto da Refer, conduzido pelo grupo Invesfer - que tem por objectivos valorizar e potenciar o património imobiliário não afecto do domínio público ferroviário -, prevê a criação de um complexo lúdico numa área total de dois mil metros quadrados. Segundo as linhas de requalificação previstas, a que o JANEIRO teve acesso, o plano inclui espaços para restauração, esplanadas, bares e comércio específico na zona ribeirinha, à semelhança do que existe em Alcântara, em Lisboa. Para Paulo Morais, o projecto cumpre os objectivos de “reforço da vida da Baixa”, com a promoção de actividades de lazer na zona ribeirinha. “Vem na lógica daquilo que temos vindo a defender”, referiu, recusando, em contrapartida, o perigo de concorrência com o bares e restaurantes da Ribeira. “Penso que se tratam de actividades complementares. É nessa perspectiva que deve ser encarado, e não na óptica concorrencial”, advoga
Estacionamento e marina
Na parte subterrânea, e já em construção, haverá um parque de estacionamento com capacidade para cerca de 400 viaturas. O número dependente, contudo, das adaptações necessárias, visto que sondagens arqueológicas realizadas pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) encontraram vestígios da Muralha Fernandina no subsolo, tal como o JANEIRO noticiou há cerca de um ano. O objectivo, explicou fonte da Refer, “é incorporar a muralha no parque, integrando-a no espaço destinado ao estacionamento”. O plano de arquitectura está, inclusivamente, a cargo de Manuel Fernandes Sá, o mesmo que projectou o Carlton Hotel, na Ribeira, e o adaptou à Muralha Fernandina que ali pode ser vista. O projecto pode ser complementado com o da construção da Marina da Alfândega, uma aspiração de vários anos do Sport Clube do Porto, mas que ainda não avançou. Sobre este último, o vereador do Urbanismo está mais reticente, considerando necessária a existência de um debate público. “Já ouvi muitas opiniões. Umas favoráveis, outras desfavoráveis e, por isso, é preciso haver uma ampla discussão”, justificou, referindo que, neste ponto, a autarquia “não tem ainda qualquer decisão definitiva". O Primeiro de Janeiro de 28/1/2005
Este projecto foi abandonado, pois até hoje nada foi feito.




Ramal de caminho de Ferro que ligava a Alfândega a Campanhã


Bela foto que mostra a Rua Nova da Alfândega, um eléctrico a linha 1 e a locomotiva.


Entrada do túnel do ramal.

“Ainda no início do século XX a Associação dos Comerciantes do Porto defende a ideia do ramal da Alfândega que é, de resto, contemplada no projecto dos Engenheiros Adolpho Loureiro e Santos Viegas de 1907 e que servirá de guia a todo o processo de expansão do porto ao longo do século. Neste projecto, porém, aparece já razoavelmente bem desenvolvida a ideia que acabaria, após muitas dúvidas e contradições, por ser efectivamente implementada: a "Linha da Cintura", ligando Leixões à estação de Contumil no Porto, com passagem por Leça do Balio e S. Mamede de Infesta. Com tantas dúvidas e hesitações a inauguração oficial acaba por se realizar apenas a 17 de Setembro de 1938!” Site APDL



Na década de 1990, conheceu uma intervenção de restauro e requalificação com projecto do arquitecto Eduardo Souto de Moura, passando a abrigar um Centro de Congressos, um dos melhores da Europa.

Jornal de Notícias


O primeiro automóvel que veio para Portugal foi um Panhard & Levassor que o Conde de Avilez comprou em Paris, em 1895.
Numa viagem de Lisboa para o Sul atropelou um burro, que morreu. Foi este o primeiro acidente automóvel da nossa história. Atingia a espantosa velocidade de 20 km/h. Actualmente está no Museu dos Transportes do Porto, na Alfândega. Ver lançamento sobre o Panhard $ Levassor de 12/2/2017.
Neste edifício também estão instalados o Museu de Transportes e Comunicações e a sede da Associação do Museu de Transportes e Comunicações (AMTC), instituição privada sem fins lucrativos criada em Fevereiro de 1992, com a missão de preservar o edifício da antiga Alfândega do Porto, assim como todo o património na área dos transportes e comunicações.


Belíssima foto de Dino Gonçalves, Março de 2017 – até parece montagem…

Porto – Fotos do Google Cultural Institute - magnífica reportagem fotoráfica sobre o Porto: 

Douro – documentário da TF1

terça-feira, 28 de março de 2017

REAL COMPANHIA VELHA

6.27.5 – Real Companhia Velha - Visita às instalações em V. N. de Gaia, Fotos de trabalhos do vinho no Douro, Adega do Olho


1921 – 1939 - A Companhia conhece uma época muito favorável, com um elevado movimento de compras e vendas. O desenvolvimento do comércio mundial, a depreciação da moeda e a guerra de 1914-1918 foram os factores que influenciaram positivamente a exportação nesta época.
1960 - Em 1960, Manuel da Silva Reis adquire, com o apoio do banqueiro Pinto de Magalhães, a maioria do capital - assumindo assim a direcção da Real Companhia Velha.





Armazéns, vinho velho e sala de provas

Descida do Rio Douro em barco Rabelo – uma viagem perigosa e espantosa - impressionante

1961 – 1974 - A Real Companhia Velha conhece um dos seus períodos de maior expansão, o qual se traduziu por profundas transformações: mudança das instalações da sede; aumento do capital; renovação de equipamentos e modernização tecnológica da vinificação; preparação, tratamento e conservação dos vinhos; e alargamento dos seus negócios.
1979 - Após períodos conturbados, a Companhia efectuou uma operação comercial envolvendo vinho generoso de várias colheitas, no valor total de 1 000 000 de contos - o que constitui a maior operação financeira jamais realizada na região do Douro. A Empresa volta, assim, a ocupar um lugar de relevo entre os exportadores do Vinho do Porto.


1976


Real Companhia Velha - Gaia

Visita à Real Companhia – vídeo


1986 - As vendas no País e estrangeiro atingem um volume considerável - 5 450 000 contos, o que constituiu um autêntico recorde, traduzido por uma quota de mercado de 18%.


2006 - A Real Companhia Velha celebra 250 anos de existência e de actividade ininterrupta ao serviço do Vinho do Porto

História da Real Companhia Velha

Venda das instalações da Real Companhia Velha em Gaia

Visita à Real Companhia Velha


Foto de Emílio Biel


Vindima no Douro – fotos de Emílio Biel
Como se vê estas vinhas ainda não estavam organizadas em bardos, eram independentes umas das outras.


O pagamento da jorna – maravilhosa foto de Emílio Biel


Pisa de uvas e casa da Companhia na Régua


Peso da Régua - c. 1900


Foto de Emílio Biel


Barcos Rabelos transportando pipas para o Porto – 1900 - foto Emílio Biel



Na Rua Afonso Martins Alho está a Adega do Olho - lemos há dias que este prédio foi vendido a uma empresa estrangeira. Possivelmente será para o transformar num hostel.


Em "Flagrante de litro" - Fernando Pessoa


Alambique  antigo



Embarque de vinho do Porto – Palácio da Bolsa – Fresco de Veloso Salgado - 1904


Regressando da pesca - 1910