segunda-feira, 17 de abril de 2017

FOI ESTIMADA DE MUITOS REIS - I

7.5.1 - Foi estimada de muitos reis I - Conde D. Henrique, D. Afonso Henriques, D. Pedro I, D. Fernando I, Desastre da Ponte das Barcas, Carta de um oficial inglês sobre a invasão do Porto



Conde D. Henrique


D. Afonso Henriques



D. Fernando I

uns nos outros

Ficámos surpreendidos quando lemos que A.R.C. situa a construção de uma ponte de barcas por ocasião do casamento de D. Fernando com D. Leonor. Pois do que tínhamos conhecimento era da construção de uma ponte deste tipo quando, em 1369, D. Fernando veio ao norte com um exército para dar batalha a Henrique II de Castela quando este, após ter invadido o Minho, conquistou Braga e fez cerco a Guimarães. D. Fernando deu ordem que urgentemente se construísse uma ponte de barcas sobre o rio Douro, para que - como dizia Fernão Lopes - "...ele e toda a sua hoste pudessem passar em um dia". Esta ponte era "...de barcas triplanas, sobre que podião passar emparelhados seis homens a cavalo sem se chegarem uns aos outros". Existem ainda referências à construção de uma ponte de barcas no ano 997 pelo califa de Córdova Almansor para dar passagem ao seu exército.


Barbuda, moeda cunhada por D. Fernando entre 1369 e 1371 durante a guerra com Henrique II – site numismatas.com


Igreja do Mosteiro de Leça do Balio


Anos antes da construção da ponte das barcas, Francisco de Almada pretendeu fazer uma à cota alta, 75 metros acima do Douro, perto do local onde só em 1886 se construiu a Ponte Luis I. Porém, a sua morte prematura, o exorbitante custo e os problemas técnicos levaram ao abandono desta espantosa obra. O projecto era de Carlos Amarante. Assim sendo o Porto decidiu construir uma ponte de barcas, inaugurada em 14 de Agosto 1806.


A propósito de A. R. C. se referir à ponte das barcas mandada construir por D. Fernando I, parece-nos oportuno referir a ponte feita em 1806, onde em 29 de Março de 1809 se deu o trágico desastre em que morreram tantos portuenses, sem dúvida o maior da história da cidade.


Gravura de Henry Smith - 1813

Ponte das Barcas – 14 de Agosto de 1806 a 12 de Maio de 1809 – Dado não termos encontrado qualquer gravura que garantisse ser da ponte de 1806, onde se deu o desastre, colocámos a gravura de 1813. Segundo José António Monteiro de Azevedo, na sua “Descripção Topográphica de Vila Nova de Gaia”, contemporâneo da ponte inicial, esta “vistosa ponte, única no seu género em Portugal, e que se compõe de 33 barcas. Tendo perto de 1000 palmos de extensão, é talvez a obra mais útil de quantas se têm feito no Porto, tanto pelo prazer do passeio que ela inspira e comodidade que presta aos viajantes, como porque, a exemplo da de Ruão, sobe e desce com as marés, abre-se e fecha-se para dar trânsito às embarcações maiores e finalmente desmancha-se e restabelece-se, quando as vicissitudes do rio o exigem. É incrível o concurso do povo que diariamente passa por esta ponte, sobretudo às terças e Sábados de cada semana. Basta dizer que sendo os preços de passagem os mais cómodos e sendo isenta de paga a tropa e pessoas que vão a diligências, assim mesmo, regularmente falando rende por dia 50$000.” A tabela em referência era às taxas seguintes, que duplicavam depois do pôr do Sol: Cada pessoa a pé - 5 reis; cada pessoa a cavalo – 20 reis; carros de bois de uma junta – 40 reis; por cada junta a mais – 20 reis; cadeirinhas de mão – 60 reis; liteiras – 120 rei; seges de duas rodas – 160 reis; seges de quatro rodas – 200 reis." - In O Tripeiro VI série, ano III, pág. 171. 
A ponte de 1806 foi destruída pelos franceses em 12 de Maio de 1809 com receio de que o exército anglo-luso a atravessasse para o Porto.


O desastre da Ponte das Barcas - quadro pintado a óleo sobre cobre, existente na Capela de S. José das Taipas. Este quadro esteve no local onde hoje se encontram as alminhas abaixo. 


Alminhas da ponte – alto-relevo de Teixeira Lopes (pai)

“ …Às 9 horas da manhã do dito dia 29 de Março (1809) rompeu o inimigo pela trincheira de Santo António fabricada no Monte Pedral e logo por quase todas as partes descarregaram com tanto ímpeto sobre a cidade que atropelaram um número incalculável de povo que, afiançado nas disposições das trincheiras se não tinha prevenido para a fuga; foi grande a mortandade e muito mais na ponte do Douro, onde uns foram atropelados, outros afogados…” Memórias do Convento de Nossa Senhora do Carmo. 
O povo assustado, por causa dos relatos vindos do Minho referentes às atrocidades cometidas, fugiu em massa pela ponte das barcas com a intenção de se refugiar em Gaia. Porém a ponte, não aguentando o peso, afundou-se levando à morte de mais de 4.000 pessoas. Há quem afirme que foram mais de 10.000. Muitas pessoas em fuga atiraram-se ao rio por verem que seria impossível atravessar a ponte.


Resumo de uma carta de um oficial inglês datada de Coimbra em 2 de Abril de 1809. Descreve o que assistiu da entrada do exército francês no Porto - In portoantigo.org


Ponte das barcas – gravura do Barão de Forrester – 1835

Esta ponte das barcas é diferente da inicial, pois tem barcos mais altos, mais largos e mais afastados de forma a poder deixar passar pequenos barcos a remos sem ter que ser aberta. Era mais larga e resistente que as anteriores. Só tinha 20 barcos.

Sem comentários:

Enviar um comentário