quinta-feira, 29 de junho de 2017

CERCO DO PORTO II

8.1.11 – Cerco do Porto - Lutas liberais, D. Miguel, Enforcamento d os 12 Mártires da Liberdade, Carta de um pai para sua filha na véspera da sua morte



D. Pedro e D. Miguel lutando pela coroa – charge de Honoré Daunier – 1833


D. Miguel


Gravura alusiva a D. Miguel e suas irmãs



“Em 1823, como fosse abolido o regime (liberal), pela contra revolução que estabeleceu o Absolutismo, de novo voltou a designar-se Praça Nova e nela, em 7 de Maio e 9 de Outubro de 1829, subiram ao patíbulo os 12 Mártires da Pátria que se encontravam presos na Cadeia da Relação acusados de terem tomado parte activa na revolução de 16/5/1828 e pertencerem ao Partido Constitucional… foram os seus despojos transportados para o Cemitério ou Adro dos Enforcados, que na altura ficava no chão do Robalo, na parte onde se abriu depois a Rua da Liberdade, hoje Rua de Alberto Aires de Gouveia. Passados sete anos, foram os restos mortais desses desgraçados reunidos e trasladado para um jazigo especial mandado construir no átrio da S.C.M. à Rua das Flores, cuja fúnebre cerimónia teve lugar a 7 de Maio de 1836. Em 19/6/1878 foram as ossadas transferidas para o recinto privativo da dita S.C.M. no Cemitério do Prado do Repouso.” In O Tripeiro, Série V, Ano 9.
O filho de Bernardo Brito e Cunha, um dos justiçados, José Eduardo, fugiu para Inglaterra e veio mais tarde a desembarcar com o exército de D. Pedro.



In O Tripeiro, Volume 3


ENFORCAMENTO DE 1828 – PINHO LEAL EM PORTUGAL ANTIGO E MODERNO

«Subiam as escadas; a meia altura, o carrasco tapava a cabeça ao desgraçado vestindo-lhe o capuz branco, pendente nas costas, atava-lhe os dois pés... Rápido! Breve! Passa-lhe o nó na garganta, enrolada a corda na trave da forca, e sobre o vulto branco, sem forma viva, nem vida talvez, erguia a perna, montava nas saliências já moles dos ombros, com o pé afastava-se da escada A figura singular do homúnculo a cavalo num fardo branco, baloiçava-se no ar, sem um ruído, placidamente. Não era mister que os tambores rufassem, porque os clérigos rufavam o seu cantochão — De profundis clamavi ad te, Domine... e a plebe na rua e as senhoras na janelas soltavam aclamações.»


Túmulo dos Mártires da Pátria no Prado do Repouso


Cadeia da Ralação Photo Guedes - 1900


Para esta varanda dá a porta do oratório onde os presos condenados à morte passavam a sua última noite. Ali sentiam a angústia da decorrência imparável do relógio da vizinha Torre dos Clérigos. - Foto Portojo


Alberto Bessa em O Tripeiro, Volume 3

A 23 de Junho de 1828, D. Miguel é proclamado Rei pelas Cortes Gerais do Reino. O novo monarca anula a Carta Constitucional e restabelece as antigas leis. O novo monarca é reconhecido pelo Vaticano, Espanha e Estados Unidos, enquanto as outras potências se mantêm na expectativa. 
É exactamente nesse ano, de 1828, em que se comemoravam os 700 anos da Batalha de São Mamede, a primeira guerra civil portuguesa, que se inicia uma fase da nossa história, ligada à sucessão da coroa, que irá terminar numa nova guerra civil, que se prolongaria por quatro anos, envolvendo não só as ilhas atlânticas, mas estendendo-se, rapidamente, a todo o território nacional. 

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