terça-feira, 1 de agosto de 2017

CERCO DO PORTO X

8.1.11 – Cerco do Porto - Lutas entre miguelistas e liberais, Baterias do Monte dos Congregados, do Covelo, S. Brás, Aguardente, Ramada Alta, Medalhas, Quinta do Covelo, Conto de Teófilo Braga sobre o Cerco


Luta entre miguelistas e liberais numa bateria de defesa

Mas voltemos aos liberais: Se bem que as tropas comandadas pelo Rei Soldado, desembarcadas a 8 de Julho de 1832, na Arnosa de Pampelido, tivessem vindo para o Porto pela antiga estrada de Vila do Conde, mais a norte (hoje Carvalhido, Monte dos Burgos, Cedofeita), quando as tropas miguelistas fecharam o cerco da cidade, foi nos limites da freguesia de Aldoar que estabeleceram um dos seus fortes, exactamente o Forte da Ervilha. Era uma fortificação rodeada por muros de sebes e estevas, reforçados com parapeitos à prova de bala. No interior do forte as linhas eram guarnecidas por palissadas, tendo na sua frente poços com cerca de dois metros de profundidade por três de largura. Considerava-se um forte inexpugnável. Foi palco de muitos e violentos combates, especialmente em 24 de Janeiro de 1833, quando as tropas liberais, sob o comando de Solignac, o ocuparam.


Legenda: Aprovado – Porto na Câmara - 25/6/1838– Quinta que foi dos Extintos Congregados

Prolongamento da rua da Alegria pela quinta dos Congregados, em 1838. Cruzando com a rua da Alegria, vê-se, à direita, a rua da Firmeza.
Durante o Cerco do Porto (1832-33), conforme o texto acima, esteve aqui instalada uma bateria de defesa (claramente assinalada na planta, do lado esquerdo do monte). 


Bateria de defesa do Porto no Monte dos Congregados – 1832/33


In O Tripeiro, Série VI, Ano XI


Projecto de prolongamento da rua de 27 de Janeiro (Constituição) para poente da rua da Rainha (Antero de Quental), 1843.
Nesta planta são visíveis três redutos do tempo do Cerco do Porto (1832-33): à direita, São Brás, nas proximidades do quartel do mesmo nome (encerrado há décadas);...



Bateria do Monte Pedral – esboço de João Baptista Ribeiro

...ao centro bateria da Glória, em Monte Pedral, aproximadamente no local do actual quartel do Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto; à esquerda, o reduto de São Paulo, nas proximidades da actual rua de Chaimite.
Começada a abrir no início da década de 1840, a rua da Constituição teve o seu primeiro troço inaugurado em 1845, entre a praça do Marquês de Pombal e a hoje chamada rua de Antero de Quental.
Denominava-se então "rua de 27 de Janeiro", em honra do restabelecimento da Carta Constitucional de 1826 por António Bernardo da Costa Cabral, proclamada nesse dia de 1842, na cidade do Porto. Com a queda dos Cabrais, o derrube da Carta e a recuperação da Constituição de 1822, recebeu o nome de "rua da Constituição", designação que ostenta até aos dias de hoje.


O seu prolongamento foi lento e difícil, em virtude dos grandes declives e das características pedregosas do local, especialmente no troço ilustrado pela fotografia.
A extensão actual da Constituição só foi alcançada na década de 1980, aquando da conclusão do tramo entre a rua de Serpa Pinto e a rua de Oliveira Monteiro.


Reducto do Cobêllo


Quinta do Covelo

"Os principais danos sofridos pela casa e capela da quinta ocorreram em 16 de Setembro de 1832, na sequência das lutas entre liberais e absolutistas durante o Cerco do Porto. Foi precisamente naquele local estratégico que esteve situada parte da artilharia dos absolutistas que, ao transformar sem pudor a quinta numa autêntica fortaleza, vigiavam os movimentos dos civis de Paranhos para impedi-los de abastecer com alimentos a cidade cercada. Ora, nesse dia funesto para a quinta, os liberais avançaram para contrariar os propósitos dos absolutistas e arrasaram a dita quinta fortificada, desalojando o inimigo e incendiando-a (apesar de se sucederem outros combates pela posse da mesma)".


Paranhos teve uma importância crucial na vitória dos liberais. A Quinta do Covelo, também denominada da Bela Vista, foi um ponto estratégico, uma vez que dela se podia ter uma vista de grande parte da cidade. Por esse motivo, as tropas miguelistas instalaram nesta Quinta uma bateria de canhões. 
A nove de Abril desse mesmo ano, os liberais conseguem infiltrar-se na Quinta, tendo atacado os soldados absolutistas e tomado conta do reduto do Covelo. Esta foi sem dúvida uma importante vitória nesta luta que só terminou em 1834 com a vitória dos liberais.


Baterias de S. Brás, Aguardente, D. Pedro, D. Maria II e reduto do Covelo


“Chegados às traseiras da Quinta de Serralves, foi-nos referido que, na altura a mesma tinha o nome de Vale do Mata-Sete, sabe-se lá porquê! Aqui era o local do reduto da Flecha dos Mortos, onde ficou imortalizado José Estêvão, personalidade multifacetada de soldado, orador parlamentar, político, jornalista, professor e advogado... “Vejo-o na Flecha dos Mortos, nesse terrível reduto, cujo nome só por si é um pregão de heroísmo, vejo-o impávido e audaz, entre os seus vinte soldados, caídos a seu lado, mortos ou feridos, esperar de morrão aceso, ao pé da sua peça, a esposa heróica do artilheiro nessas núpcias de morte e de glória, que são as batalhas! - esperar ao pé dela a entrada dos inimigos na bateria, que já não podia defender, queimar com o morrão, num gesto violento e provocador as barbas do comandante da força, e retirar sob um chuveiro de balas para logo voltar com reforços e reaver, à arma branca, numa carga furiosa, a posição um momento perdida!” (do Discurso de Luís de Magalhães em Aveiro, por ocasião do Centenário de José Estêvão a 26 de Dezembro de 1909). In blogue gpmcaminhadas

Um conto do cerco do Porto – Teófilo Braga – a ler absolutamente

Sem comentários:

Enviar um comentário