sexta-feira, 15 de setembro de 2017

REVOLTA DE 31 DE JANEIRO DE 1891 - III

8.1.14 – Revolta de 31 de Janeiro de 1891 - Rua de Santo António, Placa do 31 de Janeiro, Escadaria da Igreja de Santo Ildefonso, Lutas na Rua de Santo António, Monumento em homenagem dos mortos do 31 de Janeiro


Rua de Santo António em 1907

“No dia 31 de Janeiro de 1891, eclodiu no Porto um levantamento militar que, motivado e contrário à cedência do Governo e da Coroa ao Ultimatum de 1890 imposto pela Inglaterra, pretendeu instalar um governo provisório e chegou mesmo a proclamar a República na Praça da Liberdade.


A liderar e a impulsionar a então designada «Revolta do Porto», apoiando as forças reunidas e comandadas por capitão Amaral Leitão, alferes Rodolfo Malheiro e tenente Coelho, destacaram-se, entre outras consideradas figuras intelectuais da época, Alves da Veiga, Basílio Teles, João Chagas, Paz dos Reis, Sampaio Bruno e Verdial Cardoso.
Após empolgante percurso desde a actual Praça da República até à entrada na Praça da Batalha, os revoltosos foram inopidamente parados por um poderoso ataque da Guarda Municipal que, posicionada na escadaria da Igreja de Santo Ildefonso, abriu violenta descarga fuzilante sobre a multidão em marcha, tendo-se aí registado, entre mortos e feridos, à volta de meia-centena de vítimas, o que desde logo intimidou e obrigou à dispersão das hostes revolucionárias.
Em severo rigor repressivo, os implicados na gorada intentona, cerca de 700 revoltosos civis e militares, foram sumariamente julgados por Conselhos de Guerra instalados a bordo de navios estacionados ao largo de Leixões e sentenciados a penas que oscilaram entre 18 meses e 15 anos de reclusão.
Daqui e em memórica honra do ocorrido, logo que a República foi enfim decisivamente proclamada em 1910, entre as diversas ruas da cidade que tomaram o nome das mais importantes figuras revolucionárias, a rua de Santo António, que ascende da Estação de São Bento à Batalha, passou a chamar-se 31 de Janeiro.” Do J.N.


Placa evocativa da Revolta do 31 de Janeiro
Em 1940 o governo de Salazar decidiu retomar o nome a rua de Santo António, mas em 1974 voltou a denominar-se de 31 de Janeiro.



Portuenses junto das escadas da Igreja de Santo Ildefonso quando da visita de João Franco - 1907

“ A Guarda Municipal abrigada pelas varandas de pedra que guarnecem as escadas e patamares que dão acesso à Igreja de Santo Ildefonso … que permitem estabelecer como começou e desenvolveu o combate da Rua de Santo António… inesperadamente, e por via da falta de disciplina militar que a Polícia Fiscal não possuía, uma ou duas praças dessa polícia, saindo da forma fizeram 2 ou 3 tiros sobre a guarda municipal. O Major Graça (comandante da Guarda Municipal) … logo que ouviu aqueles tiros ordenou o toque de fogo às suas forças, reiterando-o, e mandando em seguida que se fizesse fogo vivo, pelo corneteiro sob as suas ordens…


Refeitos, porém, dessa desordem e do espanto que causara o início da luta, em pequenos grupos, ou isoladamente, os soldados da revolta começaram um fogo nutrido contra a Guarda Municipal… até que as munições se lhes esgotavam”. A Revolta do Porto de João Chagas e ex-Tenente Coelho. 


Quiosque do Sebastião – Photo Guedes



Tenente Manuel Maria Coelho – 1857/1943


In O Tripeiro, Série V, Ano II – Adriano de Sá


Tenente Alfredo José Durão – Adriano de Sá


In O Tripeiro, Série V, Ano II – Adriano de Sá


Monumento, no cemitério do Prado de Repouso, realizado pelo gravador de metais e escultor Manuel de Carvalho Figueira e que se ficou a dever a Aníbal Cunha e António José de Almeida, directores da Associação de Beneficência 31 de Janeiro (sociedade de solidariedade com os presos e suas famílias). Foi solenemente inaugurado a 31 de Janeiro de 1897.
Manuel de Carvalho Figueira idealizara inicialmente a figura de uma "República esboçada", porque "justificaria a última jazida daqueles que haviam começado uma República que não puderam concluir". Mas o artista morreu, muito novo, vitimado pela tuberculose, e a obra foi acabada por outros.


Monumento finalizado aos mortos do 31 de Janeiro no cemitério do Prado do Repouso – foto Eudora Porto.
Os números oficiais deram conta de 12 mortos e 40 feridos, embora os republicanos afirmassem que teriam sido 50 cadáveres os enterrados e muitos dos feridos tenham vindo a falecer depois. 

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