quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

TESTEMUNHOS E MEMÓRIAS SOBRE O PORTO XXVI

9.26 - João Chagas - 1906, Solidariedade afinidade e coesão dos portuenses, União dos portuenses nas horas difíceis, Não existem diferenças entre classes e profissões, O PORTO É UMA NAÇÃO.


Irmãzinhas dos Pobres – casa original – fim séc. XIX


O antigo seminário, Colégio dos Órfãos desde 1903


Em 1906 escrevia João Chagas, no seu livro “Vida Literária”:

“ Se o Porto é uma cidade típica, o seu habitante também o é, como nenhum outro em Portugal. Lisboa tem uma população mista que facilmente se dispersa e se dissolve.


Sobre o Colégio dos Órfãos e o Padre Baltazar Guedes podem consultar os lançamentos Colégios e Recolhimentos I, II e III de 18/2, 23/2 e 26/2 de 2015


A população do Porto é homogenia e o seu traço caracteristico é – a solidariedade. O cidadão do Porto distingue-se de todos os outros pela afinidade e pela coesão. O Porto é para ele uma segunda pátria. Tem uma fisionomia comum, um pensar comum, um ideal comum.
O Porto não é, em rigor, uma cidade: é uma família.


Peste bubónica - 1899


Quando algum mal o acomete, todos o sentem com a mesma intensidade; quando desejam alguma coisa, todos a desejam ao mesmo tempo. Os portuenses ciosos da integridade da cidade, como os portugueses, em geral, da integridade da nação.
A cidade tem os seus foros. Quais são eles? Os seus foros são a sua tradição de independência, de liberdade, de franquia. Que essa tradição pareça perigar e toda a cidade se reunirá no mesmo fórum, para protestar, deliberar.


Festa de S. João 

Em toda a parte as condições sociais e as mesmas profissões separam os homens. Essa separação no Porto não existe senão em muito pequeno grau; mas basta que o princípio da cidade convoque os cidadãos e desaparecerão todas as diferenças de classe e de profissão. Os ricos juntar-se-ão aos pobres, os nobres aos plebeus, com bonomia, com franqueza, com sinceridade. Poucos agrupamentos humanos dão o espectáculo de tamanha solidariedade. O Porto, numa palavra, tão característico como é, pelo seu caracter e pelos seus costumes, resume Portugal na sua velha feição municipalista que foi a primeira que ele teve e pela qual se tornou o Reino e Estado independente.
O Porto é um caso de sobrevivência histórica e por isso é justo que lhe dêem, como lhe dão, o nome de baluarte, não talvez da liberdade apenas, pela qual afinal todo o país lutou, mas de tradição, de que ele é hoje o guarda mais intransigente e cioso”.
Hoje, resume-se na proclamação: “O PORTO É UMA NAÇÃO.

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